“O futuro do time, eu ainda não estou maduro para definir. Nosso esforço agora é no trabalho de formação e nas categorias de base”. Estas foram as palavras do diretor do projeto JF Vôlei, Maurício Bara Filho, em entrevista exclusiva ao portal Toque de Bola e à webradio Nas Ondas do Toque.
A conversa ocorreu após o fim da campanha na Superliga B 2022, em 10º lugar, no grupo dos quatro times que foram rebaixados para a próxima Superliga C.
Foi o desfecho de uma temporada iniciada sob a falta de reconhecimento do título invicto na competição em 2021, o aspecto financeiro determinando a permanência na liga B e o recomeço do projeto.
O Toque de Bola destaca alguns pontos da conversa sobre a análise da temporada, o que faltou ao grupo, as prioridades imediatas, os planos para a equipe de base.
Quer ouvir a íntegra? Confira na webradio Nas Ondas do Toque.
Reforço como formador
Passada a Superliga, o balanço começa com a convicção da necessidade de investir no trabalho que é a raiz do projeto: formar atletas.
“A gente pode fazer muito ainda. Estamos muito longe daquilo que eu imagino como um trabalho de base sedimentado. Uma coisa eu tenho como certa: a meta do JF Vôlei é o reforço como clube formador. Certeza de que a gente pode trabalhar mais do que nunca o DNA de um clube formador local. A gente tem vários anos fazendo isso. As vezes estar para isso exclusivamente vai nos ajudar demais”, avalia.
Ampliar
Para isso, Bara contou que há negociações para ampliar ainda mais as formas de oferecer a prática da modalidade a crianças e adolescentes. Além da criação das equipes femininas, disse que o projeto vai criar o próprio calendário, como em 2021, para dar rodagem aos times masculinos.
“Fortalecer muito nossos núcleos gratuitos, vamos chegar a seis até o meio do ano; querendo aumentar até o final do ano. As escolinhas no nosso ginásio e nas escolas, Balão Vermelho e Cultura Viva, e negociando com outras. E a categoria de base no feminino, como adiantei para vocês, está saindo do forno, e sedimentar a masculina. Nós vamos fazer o nosso próprio calendário. Participar de eventos locais e avaliar as saídas. Isso vai nos ajudar muito, vai nos dar muito gás, muita motivação”, reforça.
Possibilidades no profissional
Sobre o rebaixamento na Superliga, Maurício Bara considera ser um momento de reavaliação as prioridades e voltar mais forte.
“É uma pausa importante para voltar o foco para esse objetivo. A gente não tem tantos braços para poder ter fôlego para tudo. Jogar a Superliga C é o menor dos dramas. É um torneio difícil de passar. Porque jogar sem ter perspectiva de subir para Superliga B, para Superliga A, não é uma experiência legal”, acredita Bara.
Ele explicou quais são as possibilidades ainda em aberto, nas discussões iniciais da diretoria. “Temos intenção de participar? Temos. Como a gente vai participar é outra história. Se a gente vai com nossos atletas e não importa o resultado? Se a gente vai usar a nossa base reforçada? A parceria com o Campinas poderia se repetir? Isso tudo está no campo das ideias, tudo hipoteticamente, não tem como definir isso agora”, enumera.
Daniel Schmitiz
Apesar do resultado não ter sido o esperado, houve pontos positivos na trajetória do JF Vôlei nesta temporada. Começando pelo trabalho de revelar mais um treinador para o mercado – ele aprovou a primeira experiência de Daniel Schimitz como comandante de um grupo.
“Daniel não tinha experiência direta, mas ele vinha com uma bagagem muito grande. Trabalhou com vários treinadores como jogador e depois, só no JF Vôlei, comigo, com o Chiquitas, com o Fadul, com o Guilherme que está em Guarulhos e com o Marcão também. Ele trabalhou muito bem junto com a comissão técnica. Foi um teste de fogo. Ele foi aprovadíssimo. Se tiver que começar um novo ciclo, não pensaria duas vezes, ele seria a principal opção nossa para dar sequência ao trabalho”, crava Maurício.
Bara fez questão de valorizar todo o grupo que encarou as limitações e a situação adversa neste ano. “Tenho que dar os parabéns a ele e à comissão técnica pela maneira que conduziram tanto técnica e taticamente, e do comportamento de levar um grupo com poucas vitórias. Não é fácil, um grupo jovem. A gente conseguiu terminar com honra, dignamente, brigando”, comenta.
Outros pontos positivos
Para a disputa da Superliga B, o time fechou parceria com Vôlei Renata, de Campinas. Esse intercâmbio também está entre os destaques da temporada, como explica Maurício Bara.
“A gente avalia que os garotos ajudaram muito. O Índio e o André terminaram jogando. O Bryan jogou várias vezes, o Pedrão entrou em situações muito importantes, o Gregolin, nas inversões. Todos foram utilizados e viabilizaram o time. As portas estão abertas, [eles] ficaram muito felizes com a maneira que os atletas foram tratados e perceberam que a gente devolveu tanto os cinco atletas quanto o Vinícius, auxiliar técnico, melhores do que vieram, no sentido de bagagem, de casca”, considera o diretor do JF Vôlei.
Outro ponto que causou felicidade foi ter um ginásio para chamar de casa, depois de uma temporada de viagens entre Juiz de Fora e Contagem para ser mandante. Bara destacou que ainda irá se reunir com a direção da UniAcademia, mas que a experiência foi positiva.
“Encontrar uma casa, nós nos sentimos em casa, tínhamos um local de treinamento extremamente de qualidade para exercer nosso trabalho. Já adianto que, da nossa parte, a gente ficou extremamente satisfeito”, avalia Bara.
Os números
Na temporada 2022, o JF Vôlei conquistou oito pontos em nove jogos na 1ª fase. Foram três vitórias e seis derrotas na campanha:
- 22 de janeiro: JF Vôlei 3 x 2 Minas Náutico – Juiz de Fora
- 29 de janeiro: JF Vôlei 0 x 3 Niterói Vôlei – Juiz de Fora
- 05 de fevereiro: Uberlândia Vôlei 3 x 0 JF Vôlei – Araguari
- 12 de fevereiro: JF Vôlei 3 x 2 Vôlei Futuro – Juiz de Fora
- 19 de fevereiro: Suzano Vôlei 3 x 0 JF Vôlei – Suzano
- 24 de fevereiro: JF Vôlei 2 x 3 Vila Nova – Juiz de Fora
- 05 de março: Instituto Cuca 3 x 1 JF Vôlei – Fortaleza
- 12 de março: JF Vôlei 3 x 1 SMEL/Araucária/ASPMA/Berneck – Juiz de Fora
- 19 de março: Aprov Chapecó 3 x 1 JF Vôlei – Chapecó
Das três vitórias, duas foram por 3 sets a 2, somando dois pontos cada uma. E apenas uma foi em 3 sets, o que rendeu pontuação máxima, os 3 pontos, à equipe. Todos os três resultados positivos foram como mandante, no ginásio da UniAcademia.
Das seis derrotas, três foram por 3 sets a 0 e duas por 3 sets a 1, ou seja, nestes casos, a equipe não pontuou. Apenas uma foi no tie-break, e o time ganhou um ponto. Dois resultados negativos foram em casa e os outros quatro foram como visitante. O time não pontuou longe de Juiz de Fora na temporada.
Sem tempo
Foram 13 sets vencidos e 23 perdidos. O time teve set average de 0,57 – o resultado da divisão dos sets perdidos pelos sets ganhos, dividido pelo número de jogos. É um dos critérios de desempate da competição. Nos nove jogos, marcou 773 pontos e sofreu 839. Os pontos average, que é a soma dos pontos feitos divididos pela soma dos pontos sofridos, deu 0,92.
“Claro que a gente não queria ser rebaixado e ficou triste. A gente consegue enxergar muito bem o fator determinante: faltou tempo de maturação. A gente conseguiu reunir o grupo como um todo, completo, no início de janeiro. A gente viu claramente o crescimento técnico da equipe durante a competição, mas você não tem tempo para respirar. Se a gente tivesse participado de outras competições antes, se tivesse mais tempo de treino…”, pondera Bara.
Análise da campanha
Para se ter uma ideia, comparando com os adversários, além do JF Vôlei, apenas o Vôlei Futuro perdeu todos os quatro jogos como visitante. No entanto, o time de Araçatuba compensou vencendo as cinco partidas em casa, obtendo pontuação para permanecer na Superliga B.
Entre os quatro rebaixados, o JF Vôlei foi o que mais venceu em casa: três vitórias contra uma de Minas Náutico (7º) e do Vila Nova (9º); e as duas conquistadas pelo Aprov/Chapecó (8º).
No entanto, todos os três ganharam como visitantes: os mineiros e goianos tiveram duas vitórias fora de casa e os catarinenses, uma.
Como os líderes
Como mandante, o JF Vôlei teve a mesma quantidade de vitórias que o líder Suzano e o vice-líder Uberlândia Vôlei/Praia Clube, que fizeram quatro jogos em casa contra cinco dos juiz-foranos.
Também ganhou mais vezes em casa que o Araucária: três vitórias mineiras contra uma dos paranaenses. E de novo as derrotas como visitantes fizeram diferença. Os dois semifinalistas venceram três de cinco jogos longe de casa e os paranaenses ganharam um.
“A gente teve um desempenho muito interessante com mandante, três vitórias e uma derrota de 3 a 2. Realmente fora de casa, não conseguiu repetir o que, com todas as limitações, fez em casa. Fora de casa, a gente pegou os três primeiros colocados, Suzano, Uberlândia/Praia Clube e o Instituto Cuca. Também tem esse fator pra pensar. Nós não tivemos um bom desempenho fora de casa e acabou pesando na balança no final das contas”, analisa Bara.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: CBV/reprodução; Onda Solidária/Divulgação; Luna Freire; Daniel Braga – XFoto; Toque de Bola; Ricardo Sobrinho/Suzano Vôlei.