Aílton sem festa: “Contra a Caldense, se for dessa forma, a gente não ganha. Tem que ser além disso”

  Antes do jogo, o treinador Aílton Alves deixou claro: respeitava a URT por sua qualidade e colocação no Campeonato Mineiro,  mas não havia outra alternativa ao Tupi, até então lanterna da competição, que fosse buscar a vitória e se impor em casa.

  Encerrado o jogo, vitória de 2 a 0 para o Carijó, o treinador que se apresentava pela primeira vez diante da torcia ganhou a recompensa: teve o seu nome gritado pelos torcedores quando deixava o banco de reservas em direção ao vestiário.

 Confira a entrevista do treinador, ainda no estádio:

“Hoje veio a recompensa. Mediante um time que estava muito bem armado que é do URT. Assisti vários jogos deles, para poder neutralizar bem a jogada dele de facão, invertida de um lado para o outro. E conseguimos. Acho que também temos que virar a pagina, já falei com eles. Acabou. Agora é focar na Caldense, um jogo super difícil. Na verdade, não ganhamos nada. Ao contrário, estamos aí, ralando para poder sair dessa situação de risco. Mas no todo, ficamos felizes porque o time não fazia gols. Hoje fez dois, e não tomou, então isso é muito importante.”

Além dos gols, o time praticamente dominou a URT, que não teve grandes chances de gols. Além da questão que você falou  de ter assistido os jogos, a que atribuir esse fato?

“Ao trabalho da semana. Quando estudamos o time deles, fizemos o trabalho voltado todo para a situação de jogo. E com isso foi tudo o que aconteceu. O time estava preparado para bolas aéreas, estava bem posicionado, o jeito de correr, trabalhamos tudo isso e conseguimos executar bem. Eu falei com eles que não podemos deixar a coisa cair. O jogo contra o Tricordiano foi muito bom. Esse aumentou um pouco mais, e contra o Caldense, se for dessa forma, a gente não ganha. Tem que ser além disso. Eu sou um cara super exigente, sei das minhas condições de trabalho, sou parceiro, mas cobro muito. Eu acho que o jogo a gente ganha o jogo no treinamento, quando se dedica cem por cento, e não noventa por cento, nem noventa e cinco por cento. Você chega no jogo e as coisas saem até mais fáceis.  E eu falei até para o Sávio, ele é novo: ‘ E ai o jogo é pesado ou não é?’ ele disse: ‘É!’. Então, você tem que estar bem preparado. Se preocupar com quem não joga também,  porque de repente quem vai fazer diferença é o que entra depois.  Então procuramos trabalhar todo mundo igual, mas temos que estar preparados para todas as situações. Está começando a pegar  a cara do jeito que gosto de jogar, ainda erramos passes, umas roubadas de bola, viradas de jogo. E isso aí vamos pegando com o tempo. Estou feliz pela vitória, saiu um pouco do peso, mas não saiu a responsabilidade.”

Em função ainda desse trabalho de uma semana completa, com jogo agora só na próxima segunda,   o que mais você pode acrescentar e tirar desse elenco, que deu uma resposta bem positiva hoje?

“Primeiro, hoje eu vou ver minha família. E a partir de amanhã já começo a trabalhar. Começo a ver o time deles e primeiramente neutralizar. Acho que quando o time é humilde, reconhece que primeiro tem que marcar, e depois explorar as situações que eles deixam. É o que vamos fazer na semana, hoje o treinamento é voltado para isso, não adianta inventar treinamento que não for em prol do jogo, e é isso que faz total diferença nos jogos, e esperamos poder na semana trabalhar bem todas as situações. E a bola entrar. Eu falo que se você faz tudo certo, o melhor treino,  tudo melhor, mas se a bola não entrar, não adianta. E hoje a bola entrou e estou muito feliz.”

Aílton mantém os pés no chão depois da vitória em sua estreia em Juiz de Fora

Você teve uma baixa muito importante que foi o Lucas e teve que improvisar. É um problema contra a Caldense?

“Se não tiver problema, a gente não cresce. Mas, sem dúvida, é um menino que vinha crescendo, um menino de personalidade. Dei os  parabéns a ele. Ele me chamou no vestiário me pedindo desculpas. O cara tem que tentar mesmo, ele tentou. Deu sua colaboração, e o Dieguinho está de parabéns porque não ficou com medo do risco, e ganhou muito comigo com isso. Falei com ele que ele não precisava atacar, que era só fechar a linha de quatro, e ele ainda agradou muito. Não quero dizer que vou repetir porque sei o sacrifício que foi para ele. Vamos ver o que a gente faz, para colocar a melhor situação e poder tirar proveito.”

No primeiro tempo, principalmente, o time apresentou uma intensidade de jogo muito grande. Como que foi essa conversa para que o time apresentasse essa agressividade desde o primeiro minuto? Para buscar esse gol e buscar esse resultado da forma como vocês conseguiram buscar hoje?

“Foi trabalho. Não só conversa, é logico que a conversa sempre entra em posicionamento, em correção. Mas foi o trabalho em si. Eles entenderam que não dá para trabalhar de outra forma a não ser intenso, em tudo o que for fazer. Vai pegar uma trave, tem que ir na velocidade, eu exijo tudo isso. Porque no futebol você caminha pouco, e isso aí eles estão começando a entender. No começo acharam um pouco diferente, mas falei com eles que o futebol não pode mudar. Por eu ser um ex-atleta  jogava na  intensidade. Sempre coloquei a raça acima de qualquer coisa. Eu gosto que meu time, primeiramente, coloque essa intensidade, essa raça. Se ele estiver bem, a técnica vai sobressair. E é o que está acontecendo. Ficamos felizes, por poder recuperar alguns atletas que não tinham confiança, e agora estamos passando confiança para eles.”

 Queria que você citasse um destaque do jogo.

“Procuramos colocar a marcação média, estávamos com a marcação alta desde o começo.  Depois foi para uma marcação média no meio de campo, para explorar também os erros deles. Mesmo assim, erramos muitos passes. Vamos corrigir. A situação muda muito, o campo que treinamos está muito bom para se treinar, mas a grama é diferente. E eles sentem também,  fizemos só um treinamento aqui, era uma coisa que tem  que conversar para fazer duas vezes. Para que a gente possa acostumar com a velocidade de jogo, a bola fica mais veloz, o campo é mais rápido, e com isso facilita no jogo.  Vamos procurar ver se conversa isso, fazer duas vezes, mas eu gostei muito do posicionamento do Leandro, experiente e bem fisicamente, o Bonilha para mim sobrando fisicamente, tecnicamente e taticamente. Enfim,  hoje eu arrumar uma peça para elogiar seria injusto. Eu acho que o grupo, o conjunto funcionou. ”

Você perde o Bruno Santos pelo terceiro amarelo.

“É, o Dieguinho vai para um lado e nós vamos procurar alguém para encaixar do outro. Tem chance de fazer uma linha de quatro, prender um zagueiro, coisa que eu não gosto. Mas, se for preciso vamos fazer, e tem outras opções de colocar um meia dentro do setor. Vamos ver o que a gente vai fazer. Não adianta eu falar agora, a cabeça pensa tantas coisas, e na hora de executar sai diferente. Precisamos ter calma, para poder chegar na sexta-feira com tudo resolvido.”

E o gol do Jajá? Você que já passou por grandes clubes e atuou com grandes jogadores, já viu grandes gols.  O que achou do gol do Jajá?

“É um jogador que é um craque. O Jajá é um cara que foi meu jogador no Cabofriense novinho, chegou emprestado pelo Cruzeiro. Já era um garoto super inteligente, porém com uma intensidade que não deixava ele pensar. Então hoje com trinta anos, você vê que ele pensa mais, ele tem muita mais para ajudar nossa equipe. Não resta dúvida. Ele está de parabéns, e merece.  É um cara que na semana estava cabisbaixo, sofrendo, sem dormir. Falou comigo que não conseguiria dormir enquanto não saísse essa vitória. Então eu acho que o peso saiu, e ele foi homenageado com um brilhante gol. Se puder fazer uma placa aí, esquecer o que o Zico fez aqui e colocar para ele.”

 

Texto: Toque de Bola, com entrevista disponibilizada pela assessoria do Tupi

Foto: Tupi – Leonardo Costa

Edição: Toque de Bola

 

 

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