Em função do incrível número de acessos que o Toque de Bola tem verificado desde a divulgação, na tarde desta terça-feira, 19, do distrato entre Sport e Tupynambás e da nova parceria entre o Baeta e a Associação Desportiva Juiz de Fora (ADJF), o Portal decidiu apresentar a íntegra da entrevista coletiva que contou com a participação dos presidentes de Tupynambás, Francisco Carlos Quirino (Chiquinho), Sport, Jorge Ramos, ADJF, Guilherme Facio e do Conselho Municipal de Desportos, Antônio Pereira Filho, do representante do Conselho Deliberativo do Leão do Poço Rico, João Santiago de Oliveira, e do radialista e presidente da Liga de Futebol de Juiz de Fora, Ricardo Wagner.
Neste post, apresentamos o que disseram os dirigentes do Baeta e da ADJF sobre a parceria.
Francisco Carlos Quirino, presidente do Baeta: “ADJF vai ajudar na iluminação e piso do ginásio”
O pessoal da ADJF vai me ajudar porque o Tupynambás não dispõe de dinheiro para ajustar a iluminação do ginásio, que está precária, o piso também precisa de reforma, o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) não posso fazer porque não tinha dinheiro, mas agora a ADJF vai assumir isso e ele (Guilherme) vai explicar como funciona essa parceria.
Guilherme Facio, presidente da ADJF e um breve histórico: “Nunca tivemos um ponto de referência único”
ADJF é a Associação Desportiva Juiz de Fora e existe há mais de 17 anos. Ela começou exclusivamente voltada para a prática do handebol, pois atletas e dirigentes do handebol a fundaram para que fosse uma instituição independente de qualquer clube. Acontecia um problema com a ADJF, que apesar de ser uma equipe de excelência, que brigava por títulos, ela nunca teve um ponto de referência único. Ela já disputou competições por diversos clubes de Juiz de Fora: AABB, Olimpico, Sport, Bom Pastor, Tupynambás, e muitas vezes você inclui seus atletas federados no clube em questão em um ano, ganha títulos, conquista oportunidade de disputar outros campeonatos no ano seguinte, mas aí o clube não tem mais o interesse de manter o projeto e nós acabamos perdendo a oportunidade. Então a ADJF procurava outro clube, e além desse desgaste ainda tinha o custo de transferir todos esses atletas do clube A para o clube B, que ficava com o projeto dois, três anos, e depois desistia também por outros motivos, aí teríamos que fazer a mudança para um clube C, então ficava nesse ciclo. Optou-se fazer o seguinte: vamos fazer um CNPJ, funcionar como uma associação, e federá-los pela ADJF, como uma entidade independente. Temos um retrospecto muito bom, nos últimos 10 anos oito títulos mineiros, uma hegemonia indiscutível no estado de Minas Gerais que nos possibilitou, através do esforço dos associados, ex-atletas, disputar ano passado a Liga Nacional. Fomos a primeira equipe de Juiz de Fora a disputar essa competição e a única representante do estado. Não julgo a nossa classificação como uma das piores, porque entre os 12 ficamos com o nono lugar, tínhamos a pretensão de chegar às quartas-de-final, ou seja, chegar entre os oito, mas para o primeiro ano todo mundo ficou satisfeito. Agora em 2015 temos a expectativa de galgar um lugar maior.

Guilherme Facio, presidente da ADJF: “Iniciaremos parceria com o arrendamento do ginásio e do antigo salão de festas”
Especificamente sobre a parceria com o Tupynambás, nós estávamos procurando uma casa, onde pudéssemos estar e investir no local para que pudéssemos ter um local de treinamento e procuramos locais que pudéssemos ter isso. Nós chegamos a ter, não através de mim, mas da presidência anterior, do Cláudio Humberto Dias, vinha mantendo contato com outras instituições e estávamos próximos do Granbery, que também está com o ginásio parado e junto com a Reitora as conversas estavam caminhando bem (nota da redação: a então reitora do Instituto Metodista Granbery, Elaine Lima de Oliveira, morreu em 7 de dezembro de 2014. Tinha 56 anos e lutava contra um câncer). Então nós iniciamos as conversas com o Chiquinho, a principio, despretensiosas. Mas diante de tudo que foi passado por ele de uma forma transparente, tanto dele, quanto do Jorge, nós iniciaremos uma parceria com o arrendamento do ginásio, do antigo salão de festas, que hoje não é salão, é um galpão. Antigamente, eu mesmo tive o prazer de ter duas formaturas no antigo salão aqui do clube porque não existiam esses lugares que temos hoje em Juiz de Fora. E a gente com o tempo, isso não pode ser um ato contínuo, uma coisa a curto prazo, mas nosso interesse é recuperar esse espaço em médio e longo prazo.
Guilherme Facio, presidente da ADJF: “Clube tem dívidas que a ADJF vai tentar sanar”
O propósito principal da ADJF é ter um ginásio, uma casa, onde nós possamos treinar, desenvolver o nosso trabalho. O Tupynambás também terá espaço de utilização. O Tupynambás também por contrato com a Prefeitura de Juiz de Fora também tem que ceder espaços para ações da Prefeitura e isso tudo vai ser preservado. Há cessões para a Prefeitura, há cessões para o clube, não é porque a ADJF arrendou o espaço que ela é dona. O mesmo para o salão, que não será um salão exclusivo de festas, e sim um salão multiuso. Obviamente, de forma sucinta vou passar alguns pontos do contrato que vem sendo discutido desde outubro de 2014. Conseguimos fazer um documento de 13 páginas, elencando direitos, obrigações, prazos, e etc. Em resumo, viemos para o Tupynambás para tentar solucionar alguns problemas que não são segredo para ninguém, o clube tem certas dívidas que a ADJF vai tentar ao longo do tempo sanar, além de investir no salão e no ginásio para que possamos ter um retorno. A ADJF não tem condições financeiras de chegar e bancar tudo de uma vez, nós assumimos a responsabilidade de tomar a frente nos projetos de prevenção contra incêndios, o que não vai ficar em menos de R$ 200 mil para o Tupynambás. Estamos procurando fazer parcerias, levantamento de custos. Vamos fazer isso a médio prazo para que o clube tenha condições de fazer qualquer atividade, porque se for levar a ferro e fogo, nem Sport, nem Tupynambás têm condições de fazer qualquer tipo de atividade, porque estão quase que interditados pelo Corpo de Bombeiros. E temos que analisar isso mesmo em Juiz de Fora, porque não basta apresentar o projeto, tem que executar. E o Corpo de Bombeiros não pode aprovar o projeto do dia para noite, mas poderia aprovar algumas intervenções pontuais dentro dos clubes, porque, como está hoje, só pode ser liberado em sua totalidade, não de forma parcial. O clube não tem arrecadação para isso, reitero que é importante tomar essas medidas, que o Corpo de Bombeiros está correto em cobrar, mas ninguém consegue juntar todo esse dinheiro de uma hora para outra.
Guilherme Facio, presidente da ADJF: aprovação unânime do Conselho
O objetivo é trazer dinheiro para cá. A partir do momento que a ADJF entrar, o Tupynambás não poderá gastar esse dinheiro de qualquer forma. Ah, o clube vai reformar o telhado do ginásio, a área da churrasqueira, não, não é nada disso. O clube tem uma série de dividas que precisam ser quitadas, o Tupynambás tem que regularizar e conseguir o AVCB junto ao Corpo de Bombeiros, ou seja, nós vamos desonerar o clube e estamos assumindo esses gastos. Em contrapartida, o clube não terá mais essas preocupações e só terá que arcar com as dividas passadas e as presentes, então acho que vai ser muito bom o que faremos aqui. Tivemos uma reunião de duas horas e meia diante do Conselho Deliberativo, e ao final a assembleia foi feita junto com o então presidente Jaime Morgado e tivemos a satisfação de saber que de forma unânime a parceria foi aprovada. O contrato contou com a assinatura de três conselheiros beneméritos para dar mais respaldo, além da advogada da ADJF. Foi um contrato extenso e muito bem assinado, por 13 pessoas, junto com a vistoria do Conselho Municipal de Desporto, e firmada a parceria de 25 anos entre a ADJF e o Tupynambás.
Guilherme Facio, presidente da ADJF, questionado sobre as modalidades envolvidas na parceria
Não existem modalidades. Existe o arrendamento de uma área que a ADJF vai trabalhar com as modalidades que ela já atua, handebol e basquete, além de outras que ela queira fomentar. A ADJ F vai levar o nome do Tupynambás, não oficialmente, porque os atletas continuarão federados pela ADJF, mas, com essa parceria, nada mais justo do que levar o nome do Tupynambás, porque sem desmerecer a ADJF pelo trabalho de 17 anos, o Tupynambás é muito maior. Para nós é muito importante, se possível e com a autorização do clube, usar o nome do clube. Serão 25 anos de contrato. Não existe um valor médio, porque ele exige aluguel, contrapartidas… Por exemplo, os associados, a gente sabe que temos que atendê-los, mesmo que por enquanto seja pouco devido ao estado do salão e do ginásio, mas eles serão utilizados da mesma forma quando eles forem melhorados. Por isso não pode ser avaliado o valor em relação a isso. Temos outra coisa que está em contrato onde a gente tem a possibilidade de usar o bar do ginásio. Então se quisermos alugar o bar em outros horários que o ginásio não está sendo utilizado para treinos, eu vou alugar a quadra e posso usar o bar. Mas se fizer um evento de grande porte, o Tupynambás tem o direito de usar o bar para arrecadar verba. Temos os valores contratuais, obrigações e concessões. Em 25 anos você pode imaginar que o clube pode usar o que quiser ou não usar nada do que foi acordado. Por isso não tem um valor, que obviamente a gente se reserva de não divulgá-lo. Tudo que for objeto do arrendamento e que gere renda será da ADJF enquanto ela utilizar. Fora esses momentos, a verba será do Tupynambás.
A ADJF é uma associação sem fins lucrativos de relação municipal e estadual e temos sim uma intenção de talvez se transformar em OCIP, mas não é uma unanimidade, continua sendo uma associação sem fins lucrativos e sem divisão de lucro entre os sócios. O ginásio (do clube) não tem condições de sediar a Liga Nacional, até pelas medidas da quadra que não são de 40x20m. O ginásio é perfeito para treino, mas não pode sediar jogos de competição onde tem que se ter a medida regulatória. A Liga Nacional é só no segundo semestre. Ela funcionou da seguinte forma em 2014: dividida em duas chaves de seis equipes, que se enfrentam em ida e volta, e os oito melhores vão para os confrontos de mata-mata.
Guilherme Facio, presidente da ADJF: ginásio não tem as dinensões necessárias para jogos da Liga Nacional
Não temos condição de fazer o ginásio 40x20m porque teríamos que demolir uma arquibancada. Se conseguirmos colocar esse ginásio nessas medidas, porque hoje ele tem 39x19m, não teria área de escape (Nota da redação: na Liga de 2914, os jogos da equipe juizforana tiveram como mando o ginásio da Faculdade de Educação Física, no centro Olímpico da UFJF). Para futsal, basquete, vôlei, funcionaria sem a área, mas para o handebol é inviável. E vamos fazer o possível para melhorar esse ginásio, com problema de piso e iluminação. Com o tempo vamos melhorar isso. O Campeonato Mundial Júnior de handebol será sediado em Minas Gerais, nas cidades de Uberaba e Uberlândia, com 20 equipes. E infelizmente lá, poderia estar sendo realizado em Juiz de Fora mas não temos ginásio. Se tivéssemos o nosso ginásio municipal pronto teríamos, no mínimo, 10 equipes de alto nível de handebol, com atletas que provavelmente estarão nas Olimpíadas jogando aqui. Será de 25 de julho a 22 de agosto.
Texto, informações e fotos: Toque de Bola
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