Capitão da equipe no acesso à Série B em 2015 e no Campeonato Mineiro deste ano, o lateral-direito de 34 anos, Osmar, foi comunicado nesta segunda-feira, 18, segundo ele, que não faz parte dos planos da Comissão Técnica alvinegra para a disputa da competição nacional.
Em coletiva na manhã desta terça-feira, 19, na sede social carijó, o atleta abriu o seu coração, disse que foi pego de surpresa, que o clube ainda não acertou tudo que deve, não crê que sua relação com Cloves e sua idade tenham influenciado na decisão e agradece a Felipe Surian (ex-treinador do Tupi, hoje no Volta Redonda) pela oportunidade de vestir a camisa carijó.
Como foi o comunicado da decisão?
Ainda não houve uma rescisão contratual. O que aconteceu foi o que comuniquei na minha rede social, que após o treino eu fui comunicado que não fazia mais parte dos planos da comissão técnica. Hoje pela manhã marquei com o Gustavo e com o Jarbas para saber o que pode ser feito. Tenho contrato até o final do ano e estamos tentando chegar em um acordo. Não houve rescisão, nem pedido de dispensa. Se não houver acordo, eu volto a treinar segunda-feira normalmente porque sou jogador do clube. Existe uma multa normal de contrato de trabalho estipulada por lei. O Drubscky não quer contar com o meu trabalho e é preciso chegarmos a um acordo de valores, e é nesse pé que nós estamos.
Como foi que você recebeu a notícia? Quais os motivos alegados?
Fui comunicado pelo Ricardo. Estavam na sala o Gustavo e o Jarbas, após o treino quando estávamos aqui no refeitório para jantar. Me chamaram e fui comunicado que não faria mais parte do grupo. O Drubscky me disse que queria dar uma cara nova na lateral direita com opções que ele tinha no mercado, e por isso eu não fazia parte dos planos para a Série B. Perguntei qual o motivo da minha dispensa e ele simplesmente falou que é por questões técnicas e táticas.
Você acredita que a sua relação com o Cloves Santos (ex-dirigente do futebol carijó) teve ligação com a sua saída?
Creio que não. Confesso que quando o Cloves saiu, eu senti medo de alguma represália. Mas, pelo contrário, na semana que ele saiu a Myriam conversou muito comigo, eu sempre tive um bom relacionamento com ela. O Maranhas (José Roberto Maranhas, vice-presidente do clube) me chamou para uma reunião no seu consultório para gente falar a respeito do clube, para que eu pudesse segurar o grupo, para usar a minha liderança no grupo que passava por um momento difícil na competição e falou que contava comigo para o resto do ano. Então, eu creio que não houve ligação. Todo mundo sabe que o Cloves é um amigo que fiz no futebol e vou levar para a vida toda. Quando ele saiu a Myriam reuniu o grupo e disse que tudo que foi acertado com ele seria cumprido, deu sua palavra de presidente e de mulher honrada que é. Por isso, muito me estranha depois de alguns meses eu ser dispensado. Ontem, nossa conversa foi muito clara. É o treinador que não quer contar com o meu trabalho.
Como o grupo recebeu a noticia?
Antes de divulgar na minha rede social particular, eu comuniquei no nosso grupo particular no Whatsapp e muitos não estavam acreditando. Muitos mandaram mensagem no privado dizendo para eu parar de brincar. Pegaram eles de surpresa, como a mim. Estamos há muito tempo no futebol, sabemos que infelizmente isso acontece, mas confesso que tanto eu, quanto o grupo, fomos pegos de surpresa com essa notícia.
(Texto publicado por Osmar em sua página no facebook: “Amigos, queria nesse momento agradecer ao Tupi FC, aos torcedores (Tribocarijo, Império e demais torcedores ) a todos funcionários, aos companheiros de trabalho a imprensa etc… com muita tristeza e surpresa fui comunicado após o treino de hoje que não faço mais parte dos planos da comissão. Gostaria muito de jogar minha 13 série B por esse clube que aprendi a amar e respeitar, até mesmo por gratidão por tudo que vivi nesses 1 ano e três meses de clube, levo pra casa as amizades e deixo uma história bonita de conquistas e vitórias nessa cidade. Deus muito obrigado por tudo e vida que segue” (sic).
Questão financeira está tudo certo ou ainda existe algum débito passado?
Praticamente 80% daquilo que foi acertado e combinado desde o ano passado está sendo cumprido. Tem algumas coisas do ano passado, questão de salário e premiação, que estão pagando parceladamente esse ano. Por enquanto, não tenho nada para falar financeiramente do clube. Se falar que eles pagaram 100% eu vou estar mentindo. Como falei, eles estão acertando ainda algumas coisas do ano passado. E agora vamos tentar resolver essa minha situação. Tenho contrato de um ano, é preciso acertar uma rescisão, os valores, ou então, se não houver o acerto eu volto a treinar na segunda-feira. Não sei se vai haver alguma dificuldade para um acordo.
Você se sente injustiçado?
É muito difícil falar de justiça. O treinador tem direito de escolher com quem ele quer trabalhar. Um dia, caso eu siga essa carreira, também vou ter esse direito. Isso é normal. Quando falo que fui pego de surpresa, não falo que a decisão dele não foi acertada, ou que estou sendo injustiçado. Espero que tudo possa se resolver, mas para todo bônus tem o ônus. Eles estão tendo o bônus de procurar outro jogador no mercado, mas estão tendo o ônus de pagar uma rescisão de contrato. O clube se adequou ao ProFut, não pode ter débitos, se não pode perder pontos. Espero que tudo possa ser acertado.
Como está o seu psicológico em relação a essa situação de indefinição?
Confesso que não dormi direito essa noite tentando entender os motivos. É um direito do clube se caso não chegarmos a um acerto financeiro me colocarem para treinar. Lógico que não era o que eu queria, queria jogar a minha 13ª Série B. Se o caminho for esse, de treinar separado, infelizmente vou ter que fazer. Não quero atrapalhar ninguém, não quero atrapalhar a preparação do Tupi, então vou ter que partir por esse caminho. É um clube que aprendi a gostar, com funcionários, amigos da cidade que vou levar para a vida toda, vivi esse tempo com muita alegria. E tudo que chega de surpresa na sua vida, te dá um baque, te abala. Estou tentando digerir isso tudo que aconteceu da melhor forma possível.
Qual a palavra que resume esse momento?
Acho que a palavra mais adequada para esse momento seria tristeza. Você faz um planejamento, não só financeiro, mas de carreira. Eu estou chegando em um momento dentro do futebol complicado. Tenho 34 anos, ano passado não joguei a Série B, joguei a Série C, foi um ano muito bom. Em 2014, mesmo que tenha sido pouco, joguei a Série B, fiz dois jogos pelo Icasa, e seria muito bom para minha carreira voltar a jogar uma Série B, principalmente pelo Tupi. Infelizmente isso por enquanto não vai ser possível, de repente poderei jogar por outra equipe, mas a palavra que resume é tristeza.
No momento do comunicado, o Drubscky mencionou que um dos motivos da dispensa seja um rejuvenescimento do elenco?
Não. As palavras do Drubscky foram as que eu mencionei. Creio que seria até preconceituoso estar qualificando a equipe pela idade do atleta, creio que ele não tem isso em mente. Até porque os meus números são muito bons, principalmente nesse Mineiro. Tenho os dados do GPS durante os jogos, feitos pelo professor Rene. Eu sou um dos jogadores que mais corre na equipe, em velocidade máxima sou um dos cinco primeiros, sou o que mais chega ao fundo, o que mais realiza cruzamentos para a área. Acho que a avaliação tem que ser feita por aquilo que o jogador está produzindo, não pela idade. Creio que não seja isso, e quem poderia responder melhor isso seria o próprio Drubscky, se porventura for isso e ele tiver coragem.
Já ocorreram contatos de outros clubes?
Foi muito recente né? Quando você espera algo nesse sentido você começa a fazer alguns contatos. Eu, particularmente, não esperava essa notícia de não fazer mais parte do grupo. Muitos amigos da bola me ligaram, mandaram mensagem, e agora é aguardar o desfecho de tudo, como é que vai ser a parte de rescisão contratual, se vou ter que treinar separado, para junto do meu empresário poder estar olhando a melhor situação.
Como você resume a sua passagem pelo Tupi?
Esse tempo que passei no Tupi foram momentos marcantes. Faço um agradecimento especial ao Felipe Surian, que é um amigo de longa data, e em um momento difícil da minha carreira ele abriu as portas do Tupi para que eu pudesse estar desempenhando o meu futebol. Na época, cheguei com desconfiança de alguns, mas consegui fazer o meu trabalho, e mesmo o time fazendo uma campanha irregular, consegui me destacar. Na Série C não preciso nem falar né? Foi muito marcante não só para mim, como para o Tupi, para a cidade, conseguimos um fato inédito que ficará marcado na história por muito tempo. Mas tudo começou com ele (Surian) quando me ligou e abriu as portas para mim. Faço um agradecimento especial ao Cloves, que era o diretor de futebol na época, que acreditou na palavra do Felipe, por ter me bancado, e como eu falei, é uma amizade que vou levar para a vida toda. Para todos os funcionários do clube, que estão me vendo, estão chateados, que muitos não veem, não acham importante, mas sem eles a máquina não funciona, então faço o meu agradecimento a eles. A direção do clube, que a todo momento falam que não compactuando com a decisão, que gostariam que eu permanecesse. Espero que tudo possa se resolver e que nada manche essa história que fiz aqui.
Texto e edição: Toque de Bola
Foto: Toque de Bola
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