Eleito novo presidente do Sport Club Juiz de Fora, Jorge Gonçalves Ramos, servidor público, bacharel em Direito e ex-presidente do Conselho Deliberativo do Periquito, concedeu, por telefone, entrevista exclusiva ao Toque de Bola, expondo ideologias de sua administração nos próximos dois anos e dando seu parecer sobre o polêmico período eleitoral na entidade desportiva.
O Portal também ouviu o líder da chapa da oposição, Edson Costa, que, inclusive, garantiu que irá tomar medidas na área jurídica para anular a decisão chegada. Em meio ao processo de transição de comando no clube, Ramos respondeu a todos os questionamentos, destacando sua vontade no estreitamento de relações com o Corpo de Bombeiros Militar visando a liberação de espaço para promoção de eventos, o desejo de investir com mais força na base, com volta do vôlei masculino e na possibilidade de construção do shopping com o consequente destombamento da arquibancada e antiga sede do Sport.
Confira a entrevista na íntegra:
Toque de Bola: O processo eleitoral foi marcado por polêmicas desde a inscrição das chapas, e seu concorrente, Edson Costa, já afirmou que buscará, judicialmente, anular as eleições. Qual seu ponto de vista sobre o período e esta declaração?
Jorge Ramos: “Constituiu-se uma comissão eleitoral que fez todo o processo e deu norte ao procedimento da eleição. Foram feitos os registros das duas chapas no dia 28 de novembro e na sexta-feira houve a impugnação da chapa do Edson, por quem tenho grande respeito. Na nossa chapa foi detectado um associado que ainda não tinha um ano como sócio. A comissão então abriu prazo para que as chapas pudessem colocar em conformidade o estatuto. Fizemos a retirada do sócio, trocando por outro, enquanto a concorrente não conseguiu corrigir dentro do prazo determinado. Logo, entendo que tudo foi feito de acordo com o que a comissão eleitoral traçou e que o estatuto do clube diz. Administrativamente, a eleição findou no dia 14 de dezembro. Se haverá recursos judiciais, é uma outra questão. Na esfera administrativa, para mim está concluso. Na esfera judicial, se a chapa que concorreu, que nem chegou a se registrar, for a juízo, apresentaremos defesa e documentação, cabendo recurso. Alguém tem que administrar o clube e neste momento é o que estou fazendo, assumindo a responsabilidade que me foi dada e que pretendo realizar até o dia em que eu não tiver mais essa competência legal”.
Toque de Bola: Quais suas prioridades e projetos neste mandato?
Jorge Ramos: “Para mim o projeto mais importante neste momento é conseguir regularizar a situação das nossas dependências junto ao Corpo de Bombeiros Militar. Sem isso você não consegue realizar eventos e trazer promoções para dentro do clube. Temos projetos para corrida, volta de departamentos, do vôlei masculino, natação e um compromisso de reformar a quadra de futebol soçaite. Mas neste momento estou me apropriando das informações do clube para que não venha fazer promessas aos sócios sem que as cumpra. Meu trabalho no dia a dia como servidor público não me permite que seja irresponsável. Caso tenhamos condições financeiras, pretendemos ainda realizar o Verde e Branco. Se não houver como, serei corajoso de dizer que não será possível, até porque hoje até patrocínio em Juiz de Fora está muito difícil, para todas as empresas. Não vou endividar o clube, devemos ter responsabilidade. Se o orçamento do clube me permite fazer ‘A, B ou C’, vou fazer. Se não, prefiro ficar vermelho agora do que amarelar para sempre”.
Toque de Bola: Você é favorável a uma parceria com o Tupynambás. Como seria?
Jorge Ramos: “Levamos ao conselho deliberativo e à diretoria executiva e foi dado o aval para que buscássemos o entendimento. Neste momento a parceria está sob análise, assim como está no Tupynambás. Então não serei leviano e irresponsável de dizer que já é um fato concluso. Temos que aguardar ainda a posse do presidente Chiquinho, do Tupynambás, assim como a nossa, para que a gente possa aprofundar nessa discussão. Esta parceria está sendo construída e não se trata de fusão. Não se junta duas para se formar uma terceira. É uma parceria que está sendo analisada. Quando no conselho deliberativo, autorizamos que fossem mantidos os entendimentos. Como presidente, tenho o dever e direito de me apropriar de todos os detalhes desta discussão”.
Toque de Bola: Sendo a favor do investimento na base, manterá o futsal e futebol? E no profissional?
Jorge Ramos: “Futebol profissional é muito difícil. Vivemos uma crise no futebol brasileiro, inclusive. Mas seguiremos incentivando a base em todos os esportes que pudermos. Temos estrutura para o futebol profissional, mas hoje é mercadoria e não temos essas condições ainda na minha visão”.
Toque de Bola: E quanto à construção do shopping?
Jorge Ramos: “Tenho que ser coerente e honesto com aquilo que me propus a fazer. Quando fui presidente do conselho deliberativo levei a discussão pela provocação da diretoria executiva à assembléia. Quase 90% dos presentes entenderam que seria bom para o Sport Club a construção do shopping. Para que haja desconstituição do tombamento, é necessário que o Conselho do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc) dê o seu aval e o prefeito faça o ato desconstitucional. Então temos que ver isso com os pés no chão, até porque não adianta confirmar algo que depende de outras instâncias”.
Toque de Bola: O que o Sport ganharia com o shopping?
Jorge Ramos: “O Sport Club seria mantido na Avenida Rio Branco com uma estrutura melhor até do que tem hoje. No último andar do shopping, seria dedicado um espaço com duas piscinas, quadra de soçaite, salão de festas, enfim, um projeto muito bom com arquitetura moderna, instalações novas, prevenção de incêndio e evacuação totalmente feitas de acordo com os padrões, mas temos que aguardar. Com o dinheiro que entraria no caixa do Sport, iria ser construído um grande centro de treinamento para o futebol de base, escolinhas, natação… mas é um projeto que temos que aguardar”.
Texto: Bruno Kaehler
Arte: Toque de Bola