A falta não foi lá atrás? Toque tenta entender lance que gerou o gol do Mamoré

 

No tiro livre indireto que dá origem ao gol do Mamoré, árbitro tira a bola do local em que o goleiro fez a defesa. Pode isso?

  Pode se dizer que o árbitro de Tupi 3 x 1 Mamoré foi salvo pelas circunstâncias da rodada.

  O polêmico lance do gol anotado pelo Mamoré, que representava ali o empate em 1 a 1 no  sábado, dia 31, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, só não está repercutindo tanto porque os outros resultados da rodada não contribuíram para uma improvável classificação do Carijó à segunda fase do Módulo 2 do Campeonato Mineiro.

   Fosse o lance determinante para uma eventual classificação ou a competição mais importante no cenário estadual e nacional, dá para imaginar que o lance seria discutido por um bom tempo.

   O Tupi já vencia por 1 a 0, gol de Matheus Mega. A bola estava no campo de defesa do time mandante e o zagueiro Emerson pegou mal na bola, que foi em direção ao goleiro João Lucas. O arqueiro segurou a bola com as duas mãos e o árbitro Taitson José de Oliveira entendeu que foi lance de bola recuada e anotou tiro livre para o Mamoré dentro da área.

   Até aí é interpretação. O árbitro entendeu que foi recuo deliberado, embora dificilmente este lance seja assim considerado quando há uma falha técnica do zagueiro e não se vê a intenção deliberada de recuar a bola. Mas é caso de interpretação do árbitro e vamos em frente.

  Ocorre que depois de anotar a infração e das reclamações dos atletas e do banco do Tupi, o árbitro tira a bola do ponto em que o goleiro fez a defesa, e traz a bola mais para dentro da área, aumentando consideravelmente o ângulo do batedor.

  Novas reclamações mas o árbitro se mantém irredutível. Assim, a  cobrança da infração ocorre longe do ponto em que João Lucas goleiro defendeu. Da cobrança, nasce o gol do Mamoré.

  O Toque de Bola estranhou o fato de o árbitro tirar a bola do ponto da infração, o que sem dúvida aumentou o ângulo do batedor. Por isso, enviamos um vídeo sobre esse gesto do árbitro (tirando a bola do ponto) para consultar Álvaro Quelhas, que foi árbitro de duas finais de Campeonato Mineiro, é Doutor em Ciências, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e tem a página “Professor do Apito” nas redes sociais, onde comenta lances polêmicos de arbitragem.

  Perguntamos ao Álvaro se a atitude da arbitragem teria sido correta (não colocamos em dúvida, na consulta, a marcação da infração e sim o fato de o local da cobrança ter sido alterada). Vejam a resposta:

“Quando um tiro livre indireto é marcado dentro da pequena área, neste caso a bola é colocada na linha da pequena área, paralela à linha de gol. Mas neste caso o tiro indireto foi marcado fora da pequena área. Sendo fora da pequena área, a bola fica no local onde foi cometida a falta. Então, não tem porque puxar essa bola para dentro do campo porque nem há uma marca para dizer até onde é isso. Sabemos que houve mudanças recentemente, mas não ouvi falar nada dessa mudança no caso específico de tiro livre indireto dentro da área penal, que é chamada área grande, área de gol é a pequena área. Só se faz isso, colocar a bola sobre a linha da pequena área, de frente para o gol, quando é dentro da pequena área (linha de 5,50m). Como não foi, o local correto seria o local onde foi cometida a infração, onde o goleiro pegou a bola recuada do zagueiro”.

   Diante das considerações sobre a regra do tiro livre indireto, feitas por um ex-árbitro que acompanha as atualizações e recomendações, a única justificativa para o árbitro ter alterado o local da cobrança é ele ter entendido que o goleiro do Tupi fez a defesa no (novo) ponto em que ele determina a cobrança.

   Caso contrário, se a arbitragem não respeitou o ponto exato em que ocorreu a infração, a conclusão é que houve um erro do árbitro no lance.

 Texto: Ivan Elias –  Toque de Bola

Foto: print de vídeo do Toque de Bola durante o jogo

 

Este post tem um comentário

  1. Alex Barbosa

    Pelo que ouvi dos amigos talvez o árbitro não tem reconhecimento das regras do jogo .
    As federações do Brasil inteiro geralmente coloca os árbitros para apitar em divisões B e C para uma avaliação até chegar no grau Á.
    Mais muitas federações coloca os delegados de jogos para fazer observações e muitos casos não consegue observa o potencial do árbitro já que jogos de divisões inferiores da muito trabalho pra o delegado de jogo e o 4° árbitro.
    Mais com certeza isto já deve ter chegado a FMF e o árbitro deve ter algumas orientações para o mesmo não cometer alguns erros que não só ele e outros também em jogos de competições.
    Abraços a todos
    Alex Barbosa ( árbitro da LFJF)

Deixe seu comentário