Marcelo Carvalho Van Gasse é o valenciano mais juiz-forano do país. Convidado da reunião mensal do Panathlon nesta segunda-feira, 10, o assistente convocado para trabalhar na Copa do Mundo destacou a importância da Manchester Mineira em sua carreira e garantiu que almeja morar com a família na cidade, após deixar de ser árbitro auxiliar.
“Me formei em Educação Física na UFJF. Meu início foi todo aqui, tanto que minha família mora em Juiz de Fora, por uma opção que fiz, porque gosto muito dessa cidade. Moro em JF desde 1996, por acaso fiz um curso em São Paulo e deu certo, mas o vínculo principal de vida é daqui. Vim para falar isso, a verdade do que está acontecendo, estamos aptos agora, mas quando passar a arbitragem vou residir em Juiz de Fora com certeza. O futuro do meu filho é aqui, uma cidade que me abriu as portas em todos os sentidos e venho agradecer por isso também”, disse.
Na reunião, o assistente respondeu a perguntas de alguns panathletas e pode encontrar antigos conhecidos que fizeram parte de sua trajetória. “Vim falar de arbitragem e aqui em Juiz de Fora foi onde eu comecei tudo. Tenho vários amigos que trabalharam comigo na Liga de Futebol de Salão, como delegado de jogo e o Panathlon faz parte da minha história também. Vim aqui agradecer pessoalmente porque recebi uma premiação e não pude estar presente no evento, mandei minha família, já que estava em Marrocos (Mundial de Clubes da FIFA)”, ressaltou.
Teste físico define participação na Copa
Mesmo tendo sido selecionado como um dos três membros da arbitragem brasileira para trabalhar na Copa do Mundo, Van Gasse não tem presença garantida. Esta pendência se deve ao fato de que a FIFA realiza em abril, na cidade de Zurique, na Suíça, um último teste físico com exigências ainda maiores dos profissionais convocados.
“Temos um processo até chegar lá e esse último teste é eliminatório. Se eu não passar, estou fora da competição. Então estou me preparando, tenho dois meses para esse teste, estou fazendo um trabalho de manutenção da minha parte física para chegar bem em abril e estar apto para trabalhar na Copa do Mundo”, contou Van Gasse.
No período até abril, Van Gasse continua trabalhando em partidas oficiais. Nesta terça-feira, 11, o auxiliar estará em campo na partida entre São Bernardo e Atlético Sorocaba. Com este calendário, o valenciano explicou como funciona suas atividades durante a semana, para a manutenção física e o aprimoramento técnico.
“Tenho um professor que me acompanha e faz essa preparação toda. Temos dois planos de trabalho: quando tenho a semana livre para treinar e quando tenho jogo no meio de semana, já que isso atrapalha um pouco. Chego na quarta-feira, por exemplo, faço uma atividade de prevenção de lesão, para quinta-feira fazer um trabalho mais forte. Como recebo por jogos, preciso estar em campo, e tem a parte técnica que você só aprimora com as partidas, então é importante estar fazendo jogos”, contou.
Trio selecionado para a Copa
Ao lado de Van Gasse, o árbitro central Sandro Meira Ricci e o assistente Émerson Augusto de Carvalho também se preparam, individualmente, para estarem aptos visando a competição no Brasil. Mesmo não trabalhando juntos durante esta preparação, Van Gasse afirmou que mantém contato com ambos frequentemente, o que, em sua opinião, facilita o trabalho.
“São meus amigos, a gente se fala diariamente. O Sandro está agora na Espanha, a gente troca mensagens, se fala por Skype. Ele está em um curso da Copa do Mundo, que é só para os árbitros, mas nos falamos todos os dias. Toda a minha carreira internacional foi com ele, fiz quatro torneios fora do país com o Sandro. E o Émerson eu conheço de formação de curso. Ele é de 1998 e eu de 2000. Isso ajuda, você vai pegando afinidade e é como se fosse um familiar seu”, avaliou.
Futebol Amador e receita para o sucesso na arbitragem
O diretor de arbitragem da Liga de Futebol de Juiz de Fora, Euclides Tote, em entrevista ao Toque de Bola, garantiu que, por sua experiência, o árbitro que trabalha com o futebol amador está preparado para apitar em qualquer estádio. Ao ser perguntado sobre esta declaração, Van Gasse lembrou que trabalhou na Liga de Futebol de Salão e algumas partidas na antiga curva do Lacet, entre times sub-15, mas por conciliar suas idas ao curso da Federação Paulista de Futebol com os estudos, obteve pouca experiência no futebol amador.
“Basta querer, se o árbitro tiver condições e idade para isso, e começar a trabalhar no amador, creio que vai ter mais facilidade. Não é que vai dar certo, eu não trabalhei no amador e dei certo, mas toda a experiência que você tem te facilita. E o amador em Juiz de Fora é muito forte também, tanto que a imprensa participa. É importante, tanto para o jogador quanto para a arbitragem”, opinou.
Para o assistente, a força de vontade é fundamental na busca pelo sucesso na arbitragem. “Você tem que gostar e acreditar, porque não é fácil. Tenho 14 anos de arbitragem e estou chegando a uma Copa do Mundo agora. Primeiro você tem que sonhar e investir nisso, e aí você acaba deixando a família um pouco de lado, final de semana não tenho muito tempo para ficar, peço até desculpas para eles que sofrem comigo nesse sentido, e você vai galgando aos poucos, vai fazendo jogos importantes, as coisas vão acontecendo e temos que aproveitar”, disse.
Panathlon agradece
O Panathlon Club de Juiz de Fora, presidido pelo Professor Cláudio Esteves, destacou a importância e o orgulho de Juiz de Fora contar com um representante da arbitragem no Mundial de Futebol a ser disputado no Brasil. “Realizamos todo ano o Mérito Esportivo Panathlon com o objetivo de valorizar não só os atletas, mas os treinadores, árbitros, dirigentes, as entidades e empresas que impulsionam o esporte local. O sucesso do Van Gasse é um exemplo que mostra a importância da cidade no esporte nacional e internacional. Além disso, o Panathlon torna-se um forum primordial para a discussão e o debate do dia-a-dia do esporte da cidade e região”.
No encontro de segunda-feira, Van Gasse teve a oportunidade de rever panathletas ligados a arbitragem, como Adilson Mattos, presidente da Liga Juizforana de Futsal, e o ex-árbitro Luiz da Paz, entre tantos desportistas locais integrantes do quadro do Panathlon Club de Juiz de Fora.
O clube local prepara-se para confirmar o calendário de atividades de 2014. Já entre os dias 27 e 30 de março, o Panathlon Club local enviará representantes à Assembleia Geral do Panathlon Club do Brasil, este ano programado para Campos do Jordão (SP).
O Panathlon tem representação em vários países da Europa. Entre as principais bandeiras defendidas pelo Panathlon, estão a ética, a disciplina e o fair play no esporte e a luta contra o dopping.
Texto de Bruno Kaehler
Fotos: Toque de Bola