Antes mesmo de a bola rolar na noite desta quarta, dia 1º, as disputas da partida entre Flamengo e Boavista, marcada para começar às 21h30, no Maracanã, pela última rodada da Taça Rio, o segundo turno do Campeonato Carioca, começaram. Mas o embate é Fla x Rede Globo, na Justiça.

Mandante da partida, o Flamengo pretende transmitir o jogo através de sua FlaTV, na plataforma de vídeos YouTube e nas páginas oficiais do Rubro-Negro no Facebook e no Twitter.
O clube se ampara na medida provisória 948/2020 publicada pelo Governo Federal no dia 18 de junho, que entrou em vigor imediatamente, alterando a Lei Pelé.
A MP deu aos mandantes dos jogos o direito de negociar a transmissão de seus jogos e também exibi-los por seus próprios meios. Antes, era necessária a concordância de ambas as equipes para que um confronto fosse transmitido ou exibido.
Interpretação diferente
Como não vendeu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca à Rede Globo, a exemplo de todos os outros participantes, o Fla vem anunciando a transmissão própria.
Mas, faz a ressalva de que ela depende de ação judicial. Isso porque, desde segunda, dia 29, a detentora exclusiva dos direitos do Carioca e das partidas das outras equipes participantes, incluindo o Boavista, tenta impedir o Flamengo de fazer a transmissão.
Segundo a interpretação da Rede Globo, a entrada em vigor da MP não altera acordos firmados antes de sua edição. Assim, o contrato de exclusividade da TV com o Boavista impediria o Fla de transmitir a partida.
A emissora carioca entrou com um pedido de liminar na Justiça na segunda para tentar impedir a transmissão, mas a mesma foi negada. Houve recurso à sétima Câmara Cível do Rio nesta quarta, e o desembargador Ricardo Couto de Castro deve decidir sobre o caso nas próximas horas.
Caso seja derrotado, o Flamengo também pretende levar adiante a disputa judicial para garantir a transmissão.

Apoio em Brasília
Na terça, dia 30, representantes de oito clubes da Série A do Campeonato Brasileiro, que têm contrato de transmissão do Nacional com a Turner e não com a Globo foram a Brasília manifestar apoio à MP dos diretos de transmissão.
Representantes de Santos, Palmeiras, Coritiba, Fortaleza, Ceará, Bahia, Internacional e Athletico-PR se encontraram com o presidente Jair Bolsonaro e se apoiam na alteração da Lei Pelé para reverem seu atual contrato de TV.
A MP inicialmente tem validade de 60 dias prorrogáveis por mais 60, mas tem que ser apreciada em até 45 dias de sua edição para não trancar a pauta no Congresso.
Caso vingue, a medida traria mais poder de fogo aos clubes para negociar seus direitos de transmissão. Com os mandantes tendo o direito sobre os jogos do Brasileirão, a Turner teria 152 partidas para exibir, mais do que o dobro das 48 exibidas em 2019, que incluíram apenas os confrontos entre times sob contrato com a emissora americana.
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos com informações do Uol e do Globoesporte.com
Fotos: reprodução FlaTV no YouTube; Facebook Flamengo; e reprodução Twitter