
A brasileira Beatriz Ferreira é campeã mundial de boxe. Na manhã do último domingo, dia 13, em Ulan-Ude, na Rússia, a pugilista derrotou a chinesa Cong Wang na categoria até 60kg por 5 a 0 e levou a medalha de ouro.
Baiana radicada em Juiz de Fora, Bia foi unanimidade na opinião dos juízes, que deram ao menos dois dos três rounds para a brasileira. E mais: foi considerada a melhor atleta da competição.
Promessa é dívida
Após três anos defendendo a Seleção Brasileira, a atleta conquistou seu 24º pódio em 25 competições internacionais disputadas. Recentemente, Bia foi campeã pan-americana em Lima, no Peru, e, na sequência, prepara-se para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Junto com o título, Bia também levou a eleição de melhor boxeadora do torneio, entre todas as 226 pugilistas de 56 países. Os dois pré-olímpicos serão realizados no ano que vem e a brasileira não deve ter problemas para estar no Japão em 2020. Em entrevista ao Toque de Bola, a Bia Ferreira falou sobre a conquista.
“Eu estou muito feliz. Realizei uma meta que eu tinha estabelecido. Mundial passado não foi tão bom quanto eu esperava , e eu tinha prometido para mim mesma que eu ia voltar mais forte. Quando tive minha mão levantada eu me senti muito feliz comigo mesmo por ter cumprido minha palavra e conquistado uma medalha. Foram cinco lutas totalmente diferentes entre si. Tive que usar táticas diferentes em cada uma delas, o que torna a conquista ainda mais gratificante, porque mostra que o treinamento fez efeito”, analisou Bia.
Nome na história
Além de Beatriz, Roseli Feitosa, campeã mundial em 2010, foi a única brasileira a conquistar o ouro na competição, mas na categoria até 81kg. Em 2014, Clélia Costa levou o bronze na categoria até 51kg e em 2002, quando o boxe ainda não tinha entrado no programa dos Jogos Olímpicos, Ana Santos foi bronze na categoria até 60kg.

“É uma honra estar representando nosso país em todos os campeonatos que eu vou. Fiquei feliz demais de contribuir para a história do boxe feminino brasileiro sendo a segunda mulher campeã de um Mundial. O boxe brasileiro é um celeiro de talentos e poder fazer parte disso vencendo é motivo de muito orgulho”, comentou.
A campanha
Na mundial, Beatriz estreou com vitória diante de Keamogetse Kenosi, de Botsuana, por nocaute técnico. Nas oitavas de final, derrotou a venezuelana Omailyn Alcala, por decisão unânime dos árbitros. Para chegar à semi, venceu a russa Natalia Shadrina, que lutava em casa, e derrotou a americana Rashida Ellis para encarar a chinesa Cong Wang na finalíssima.
Na decisão, Beatriz adotou uma estratégia de esperar as ações da chinesa e incomodava Wang nos contra-araques. Com um amplo repertório de golpes, a brasileira dominou a adversária e venceu sem questionamentos. Confira a decisão de cada árbitro na final:
Árbitro Canadense – 29 x 28
Árbitro Turcomenistão – 29 x 28
Árbitro Ucraniano – 29 x 28
Árbitro Italiano – 30 x 27
Árbitro Bósnio – 30 x 27
Tóquio 2020

Após o título, o foco de Bia é 2020, mais precisamente em Tóquio, no Japão, sede das próximas olimpíadas. Com dois pré-olímpicos no início da temporada, a atleta brasileira não deve ter problemas para se classificar para a maior competição esportiva do mundo. Sem tempo para descansar, ela falou sobre a expectativa e a preparação para os jogos.
“O trabalho continua. Logo após a conquista eu já vim para a China para uma outra competição (a sétima edição dos Jogos Mundiais Militares pode render mais um ouro para a atleta ainda esta semana). Assim que sair daqui eu tenho uns dois dias de descanso e já volto a treinar. A meta é representar bem o Brasil em Tóquio. Se possível, quero melhorar meu desempenho. Vamos fazer alguns ajustes em algumas coisinhas, representar bem o Brasil e trazer uma medalha para casa”, finalizou.
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento
Fotos: Divulgação/COB; Pedro Ramos/Rede do Esporte;