
Introdução
Sempre que entrevistamos dirigentes de clubes de futebol (grandes, médios ou pequenos) sobre questões financeiras, os cartolas argumentam que os clubes são muito criticados, e que imprensa e opinião pública normalmente não têm noção da enorme carga de despesas e obrigações, coisa e tal.
O fato
O Atlético vem a Juiz de Fora enfrentar o Tupynambás. O clube da capital, em site ou redes sociais, quase ignora a partida. A Comissão Técnica envia um time quase todo reserva do reserva. Nenhuma ação na cidade ou região (pelo menos divulgada), para aproveitar o apelo dessa volta a JF depois de mais de um ano.
O resultado
Na arquibancada, no setor destinado aos torcedores do Atlético, registramos talvez o menor público do clube numa partida oficial na cidade.
Questões
Mesmo com a renda sendo do mandante, um clube do tamanho do Atlético não poderia ter “explorado” melhor uma partida como essa? Não poderia ter trazido dois ou três titulares, até ex-jogadores, ídolos, estimular ações para atrair novos sócio-torcedores, sortear ingressos para o jogo do fim de semana das quartas-de-final em Belo Horizonte ou criar outras situações, pensando também em torcedores que raramente vão aos jogos em BH?
Desperdício

A impressão que temos (esse episódio do Atlético, no caso, é só um exemplo do que estamos dizendo) é que os clubes jogam fora as oportunidades que têm.
Há quanto tempo o Galo não enfrentava o Tupynambás? Na proximidade de seus 111 anos, e diante de um Leão também mais que centenário, não se poderia, em conjunto com o Baeta, estimular de alguma forma o comparecimento do torcedor? Fazer do jogo uma atração diferente?
O jogo e o lance
O início de partida foi cruel para o Tupynambás, que criava chances pela esquerda e encontrava espaços, mas viu dois ataques e dois gols do Atlético. A reação parou no pênalti não marcado para os anfitriões. Um lance limpo, fácil de ser observado pela arbitragem. Um pênalti “solo”, sem outros jogadores obstruindo a visão, cuja não marcação chega a ser quase cínica, principalmente porque em lance menos claro, na outra área, não houve dúvida ou demora.
Parênteses
O pênalti não anotado só reforça a tese de quem combate os estaduais. Nos raros momentos em que os pequenos se aproximam de igualar resultados, vem o fator externo a chamá-los para a realidade. Alguma perspectiva que isso um dia vá mudar (a expulsão infantil ainda na etapa inicial, aqui pecado do time local mesmo, minou de vez a chance do empate)?
Para onde vão?
Com clubes considerados grandes tratando a maioria dos jogos com má vontade, administrativa ou esportivamente, arbitragens que temem desagradar aos mais fortes, e, em alguns casos (o Mineiro até que foge um pouco a regra), regulamentos confusos e que transformam clássicos da primeira fase em meros amistosos, fica difícil projetar dias melhores para os estaduais (e olha que estamos falando do eixo Sul-maravilha, hein?).
Texto: Ivan Elias – Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola