Estádio 30 anos! Mário Augusto, um engenheiro com jornalismo na veia

 

Mário Augusto, um engenheiro com sangue de jornalista na veia, revela ao Toque de Bola os bastidores de sua coluna no Diário da Tarde, “Futebol Independente”

  Na data em que o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio foi inaugurado, há 30 anos – 30 de outubro de 1988 – o Toque de Bola revela: o engenheiro Mário Augusto, filho único do saudoso jornalista e radialista que dá nome ao principal palco esportivo da cidade, já contribuiu – e muito – com o pai em seu incansável e constante trabalho de divulgação  do esporte local.

   Era ele o responsável por uma coluna inteira dedicada ao futebol amador da cidade. O próprio Mário Augusto nos apresentou, em seu apartamento, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, alguns recortes da época, guardados com carinho pela viúva do radialista, Aparecida, que  também mora no Rio de Janeiro.

“O primeiro escrito”

 

Na caneta de tinta vermelho, Aparecida faz o registro histórico sobre o primeiro texto então publicado pelo filho no jornal

Num dos recortes do jornal Diário da Tarde, a coluna com o nome “Futebol Independente” vem acompanhada dos dizeres “Yrel” – o sobrenome Lery ao contrário (o nome completo do “Bacharel também em Esportes” é Mario Helênio de Lery Santos). De caneta vermelha, a senhora Aparecida registrou: “1º escrito do meu filho”.

  Broncas do “Puru”!

  Mário Augusto comenta: “Hoje pode até parecer fácil, mas para os padrões da época essa ilustração junto ao título era uma diagramação bacana”, referindo-se a um desenho de um jogador e uma trave. Lembro muito do “Puru”, funcionário do jornal na época, que puxava a minha orelha se atrasasse ou ficasse  inventando muita moda”.

     Os 15 anos

Os quinze anos de idade também mereceram registro

  Em outro recorte deste baú de recordações, com a data (novamente anotada na caneta de tinta vermelha) de 2 de fevereiro de 1972, o jornal publicava o seguinte texto: “Aniversaria hoje, completando 15 anos,  o mais jovem cronista esportivo de Minas, filho do nosso companheiro de trabalho Mário Helênio de Lery Santos e da sra. Aparecida de Lourdes Curci de Lery Santos. Mário Augusto, que este ano  vai cursar o 1º ano Científico da Academia de  Comércio está no momento na cidade balneária de  Guarujá passando suas férias escolares”.

  Sem moleza

  E não pensem que o herdeiro tinha boa vida para fazer a coluna dedicada às partidas entre dezenas de equipes locais do futebol amador. “O meu pai não tinha muito tempo para ficar corrigindo, verificando se as informações estavam corretas, então eu mesmo me encarregava de estar em contato permanente com os responsáveis pelos times e tinha que me virar. Claro que eu não acompanhava todos os jogos nos locais, eram muitos. Confiava  nos relatos e ali contamos uma parte importante do futebol amador, muito forte, de muitos bairros de Juiz de  Fora”, recorda o engenheiro.

 Futebol Independente

   Além de “Yrel”, os recortes históricos também têm várias colunas assinadas pelo próprio Mário Augusto, com o mesmo título: “Futebol Independente”.

  Quem se lembra?

  Entre as centenas de nomes das equipes que tiveram seus embates descritos com riqueza de detalhes pela coluna, registramos: Esporte Clube Versalhes, Maringá Futebol Clube, Miramar, Vigilante, Cristal, Loyola, América, Loja Princesa das Tintas, Ferroviária, Estrelinha, Serrano, Brasinha, Liverpool, Veteranos do São Carlos, Medellin, Oficina Carrato, Paulista, Vila Nova, Monte Carlo (bairro Manoel Honório), Esparta, Chacarense, Magnatas (bairro Poço Rico), Náutico, Brasão, Santista, Porto, CR Amigos Leais.

 “Cartola” no Olympico

O Olympico Atlético Clube resgata a trajetória de Mário Helênio também como dirigente

 Além dos muitos textos sobre futebol, Mário Augusto cita o lado dirigente do pai, num clube também especial: o Olympico (originalmente escrito com “y”) Atlético Clube. “Lembro que eu precisava buscar de carro os jovens atletas em suas casas, levar ao treino no clube e depois levar de volta um por um. Eram outros tempos, eu passava na casa de todos que não tinham como ir ao treino por conta própria, e alguns pais, às vezes, até não gostavam  muito. Entendiam que o tempo de treino teria que ser de dedicação aos estudos”.

 Entre os recortes da lembrança revelados, há em destaque a conquista, pelo Olímpico, de um torneio disputado em Brasília, com fotos dos atletas das equipes masculina e feminina do clube.

  Memória

  Em meio às recordações e revelações dos bastidores de tempos românticos do esporte e do jornalismo, Mário Augusto revela um misto de expectativa e preocupação. “Além dos jornais, temos um material bem interessante guardado da época, que pode ser útil para alguém organizar. Especialistas da área mesmo, talvez coordenados pela UFJF, pelas Faculdades de Comunicação, Educação Física, pelo Curso de História. Talvez não seja o caso de ter um Museu Mário Helênio, mas se encontrar uma alternativa de preservar esse material e deixá-lo junto a um acervo com outros dados históricos significativos do esporte local”, diz o engenheiro.

   Augusto ressalta a importância e a qualidade do livro “Mário Helênio: a história do Cronista Esportivo mais Jovem do Brasil”, lançado, com coordenação e edição do professor da UFJF e jornalista Márcio Guerra, com diversos depoimentos que retratam a trajetória do radialista que dá nome ao estádio.

   Curtindo o neto

Mário Augusto, Aparecida, Bruno, Letícia, Cândida, Paulo Ricardo (casado com Letícia), Márcia (sogra do Bruno) e Marina (esposa Bruno)

Os filhos de Mário Augusto e Cândida e netos de Mário Helênio e Aparecida já estão crescidos e formados. Bruno Augusto é engenheiro, Marina é psicóloga, Letícia é biomédica. Assim, a sensação do momento passou a ser Ian Lery, o primeiro neto.

   Olho aberto nas Olimpíadas

  Nas Olimpíadas do Rio, ele conta que assistiu ao maior número possível de modalidades. Embora apaixonado pelo rubro-negro carioca, disse não ter o hábito de ir ao Maracanã. Em Juiz de Fora? “Baeta, com certeza!”.

                                                                                                        E o Mescla Dourada?

Mário Augusto e Cândida com o neto Ian, filho de Marina e Paulo Eduardo

Conversa vai, conversa vem, e faltou uma pergunta: de que bairro mesmo era o time que aparecia com alguma frequência na coluna “Futebol Independente” com o nome Mescla Dourada?

  Bem, essa resposta fica para um próximo encontro. É que, assim como o “Bacharel”, o engenheiro com sangue de jornalista na veia armazena nas entrelinhas uma boa dose de suspense, da história que ainda não tem necessidade de ser desvendada por inteiro.

 

 

Texto: Ivan Elias – Editor Portal e redes sociais Toque de Bola

Fotos: Toque de Bola e Arquivo Pessoal

 

 

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