Bastidores recheados de polêmicas marcam eleições no Tupynambás

    Ainda está longe do fim a polêmica envolvendo as eleições de um dos mais antigos e populares clubes de Juiz de Fora, o Tupynambás Futebol Clube, ou o Baeta, como é chamado por sua numerosa torcida, que foi considerada a maior da cidade nos áureos tempos do futebol local/regional, rivalizando com o Tupi.

   Até o início da tarde desta quinta-feira, dia 9, as eleições estão oficialmente marcadas para a manhã do próximo domingo, dia 12. Diferentes interpretações por parte da chapa de situação e integrantes da ADJF – Associação Desportiva Juizforana – levaram a disputa para a Justiça antes mesmo do pleito.

  A diretoria promoveu alterações no estatuto e alega ter feito tudo em conformidade com a Lei. Impedido, porém, de registrar sua chapa, o grupo da ADJF questionou as mudanças judicialmente. A determinação de momento, assinada pelo Juiz Francisco José da Silva, em 31 de outubro, é que se faça a eleição no domingo, mas conforme estatuto anterior (e não de acordo com o texto modificado).

  Em contato com Cláudio Dias, da diretoria da ADJF, no início da tarde desta quinta-feira, a informação é que foi feito um novo pedido ao juiz para que a eleição seja suspensa, uma vez que se for obedecido o estatuto anterior, as duas chapas teriam que se readequar, diante de um novo prazo estipulado judicialmente. Aí, sim, na avaliação da ADJF, com as duas chapas inscritas a partir da interpretação do juiz, as eleições poderiam ser remarcadas em condições de igualdade.

    “Pode ser que o juiz não tenha atentado para a proximidade da data das eleições”, observa Dias, que revela aguardar uma nova informação judicial a qualquer momento.

  “Estamos analisando tudo com o nosso departamento jurídico”, informa o atual presidente, Santiago Oliveira.

  Contrato é de 2015

Na coletivas para a imprensa, convocada em maio de 2015, presidente do Conselho Municipal de Desportos, Toninho Pereira Carvalho, então presidente do Sport, Jorge Ramos, então presidente do Baeta, Francisco Carlos, e então presidente da ADJF, Guilherme Fácio

As divergências entre dirigentes do clube e integrantes da ADJF são muitas. O contrato entre as partes foi firmado em abril de 2015.

  De acordo com informações obtidas pelo Toque de Bola junto aos envolvidos, o contrato determinava que a ADJF arcasse com um valor correspondente a 130 títulos.

   Na época, com o título avaliado em R$ 700,00, a ADJF desembolsou R$ 91 mil. Este montante seria destinado a obras, sendo as principais referentes a adequação para a obtenção do AVCB, o auto do Corpo de Bombeiros que permitiria ao clube sediar eventos.

  Antes, era o Sport

  O anúncio do contrato foi feito, inclusive, junto com a informação que estava ocorrendo um distrato entre Tupynambás e Sport Club Juiz de Fora. Explica-se: Baeta e o alviverde tinham estipulado um acordo, anterior, quando o Sport estava em vias de ser incorporado por um shopping Center e negociava 123 títulos com o Tupynambás.

  Como o empreendimento acabou não “vingando”, os 123 títulos foram “arredondados” para 130, para acerto de débitos ora em vigor do clube.

  Uma informação que já chamou a atenção na época foi a longa duração estipulada no contrato: 25 anos.

  O AVCB

 

Tupynambás: em meio a documentos e polêmicas, clube vive conturbado processo eleitoral

Um dos pontos da discórdia envolve justamente o AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Os integrantes da diretoria revelam que a ADJF não arcou com os compromissos assumidos e por isso o clube hoje tem suas instalações interditadas, correndo o risco iminente de sofrer pesadas multas diárias caso descumpra a determinação.

   Por sua vez, a ADJF apresenta documentos com carimbo do clube e alega que os dirigentes, mesmo tendo recebido estes orçamentos, não respondeu ou não autorizou a execução das obras necessárias. Outros orçamentos teriam sido, conforme a ADJF,  feitos ou solicitados pelos dirigentes, mas as obras não foram providenciadas.

   Prazo

  A questão da elegibilidade de integrantes da ADJF também é polêmica. O contrato anunciado em maio teria sido firmado em abril de 2015 e indicava que no prazo de 30 meses os novos proprietários estariam isentos da taxa de manutenção e não poderiam, de acordo com interpretação da diretoria, se candidatar às eleições.

   O prazo estaria encerrado agora – outubro de 2017, 30 meses depois. Com as eleições em novembro, conta-se o prazo da convocação da eleição ou o dia da votação? Aqui também a ADJF questiona: se os novos proprietários poderiam votar, como não poderiam participar da eleição como integrantes de uma chapa?

 Panorama

  A noite desta quinta-feira tem reunião convocada pela diretoria. O número de integrantes da chapa pode ter que ser readequado em função da determinação judicial. O número necessário para a inscrição de cada chapa é diferente, considerando que deve ser levado em conta o estatuto “original”. De acordo com o atual presidente, Santiago, “vamos fazer uma reunião do Conselho para aprovação dos novos nomes da chapa, em consequência da decisão judicial”.

 O candidato da situação é Francisco Carlos Quirino, que presidia o clube até se licenciar justamente para poder se candidatar.

  Na avaliação da ADJF, se as eleições foram convocadas por um estatuto que já estava errado, e que não poderia ser modificado, o processo eleitoral deve ser anulado. Mesmo porque, consideram, se a inscrição da chapa da ADJF não foi aceita sob alegação que um novo estatuto está em vigor, a partir do momento em que esse novo estatuto não tem respaldo legal, não deve mais ser obedecido.

  O nome do candidato da chapa da ADJF está sendo preservado. A informação é que eles preferem que as regras do jogo, ou da eleição, sejam inteiramente compreendidas e esclarecidas e aí sim a campanha será lançada.

  Imbróglio

  Sobre o recente episódio, há uma semana, em que o clube foi ameaçado de uma multa diária de R$ 10 mil por sediar um evento em instalações interditadas judicialmente pelo Corpo de Bombeiros, a ADJF assegura que como as soluções foram tomadas a tempo, durante a realização do evento, e houve contato permanente com as autoridades envolvidas, o clube não foi penalizado. O evento, com delegações de outras cidades, acabou sendo transferido de local.

Fator Danilo”

   Outra questão bastante polêmica nos bastidores refere-se à quantia que o Tupynambás tem direito como um dos clubes formadores de Danilo Luiz, lateral-direito que conquistou projeção internacional e hoje defende o Manchester City, da Inglaterra, e foi convocado para os amistosos que a seleção brasileira faz este mês como preparação para a Copa do Mundo.

   Para o candidato à presidência, Francisco Carlos, grande parte da agitação que envolve os bastidores está relacionada a essa verba que o clube tem direito. O montante e a data em que o clube irá receber não foram divulgados oficialmente.

 

Texto: Toque de Bola

Fotos: Toque de Bola 

 

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