
O acesso do Tupi não veio e muitos atribuem esse fato à arbitragem do segundo jogo contra o Fortaleza. Um gol mal anulado e um pênalti não marcado. Esse foi um fator que prejudicou bastante o Tupi. Além de ter que se preocupar com esses erros, a diretoria tem que lidar com o assédio de outros clubes no treinador Aílton Ferraz, e buscar uma maneira de renovar com o comandante que fez um ótimo trabalho. E nesta terça-feira, 26, a diretoria do Carijó se pronunciou sobre diversos assuntos, inclusive sobre os erros contra o time. O diretor de futebol, Nicanor Pires, criticou bastante a arbitragem, e disse ainda que o ocorrido foi “um assalto”.
Outro assunto que veio à tona quando a coletiva já havia sido convocada foi a “polêmica da van”, divulgada pelo jornal Tribuna de Minas na edição desta terça-feira. A presidente do clube, Myrian Fortuna, explicou o que ocorreu.
“Erros grotescos de arbitragem”
“O fato negativo do ano para o Tupi foi a arbitragem no jogo de sábado (dia 23 de setembro), que culminou com a não classificação do Tupi para a série B. Entendemos que dentro de campo o Tupi conquistou o acesso mas infelizmente a arbitragem não permitiu. Teremos que disputar novamente a série C por erros grotescos de arbitragem. O que aconteceu no Mário Helênio foi um assalto, um absurdo. A CBF deveria ter vergonha de ter no quadro de arbitragem árbitros envolvidos em polêmicas, como é o Marcelo de Lima. É muito lamentável esse fato de que foi tirado dos atletas a premiação, em caso de acesso. Foi tirado de um clube uma arrecadação melhor em 2018, melhoria de estrutura… Foi tirada também do torcedor, e de uma cidade, a possibilidade de disputar a série B novamente”, garantiu.
Ofício à CBF
Os erros acabaram gerando a revolta de vários membros do clube que cercaram a arbitragem depois do jogo e os xingaram bastante. Porém tudo foi relatado na súmula da partida e o clube pode ser indiciado pelo STJD. Mas, além disso, o dirigente afirmou ainda que o clube irá entrar com uma representação na CBF.
“Estamos preparando um ofício para encaminhar à CBF relatando a nossa indignação, porque o sentimento que ficou foi de revolta após a partida. Pretendemos solicitar que não só o árbitro, mas o trio, não trabalhe mais em jogos do Tupi, independente do nível da competição. Ficou muito nítido que ele já veio a Juiz de Fora com a intenção de ajudar o Fortaleza a conseguir o acesso”.
No aguardo
Sobre os relatos do árbitro na súmula. “Primeiro a gente precisa aguardar pra saber se haverá alguma denúncia do STJD. Se houver, vamos preparar a defesa, como é feito normalmente em casos como esse. Esperar primeiro essa denúncia para saber qual a tese será usada na defesa”, acrescentou Nicanor.
Com a eliminação na Série C, o Tupi encerrou suas atividades – pelo menos dentro das quatro linhas – em 2017. Como não há mais competições para disputar, o time só volta a entrar em campo pelo Campeonato Mineiro do próximo ano. Por isso a cúpula Carijó convocou a entrevista coletiva na sede social, para fazer um balanço do ano e também já projetar 2018.
Não fica?
Até a permanência de Nicanor é incerta no futebol do clube. De acordo com a presidente, Myrian Fortuna, até o final desta semana, uma definição sobre o caso sairá. “Estamos negociando com eles (Nicanor e Tamirim – supervisor), porque já chegou pra nós que eles têm proposta de um time. A gente está fazendo um planejamento para o ano que vem. Ontem ficamos o dia inteiro em reunião pensando nisso. Eu sei que todas as pessoas, inclusive os atletas, que têm uma projeção e um trabalho bem feito, recebem propostas. Isso é natural. E não só os atletas, mas a própria comissão, os diretores, supervisores… Quem se destaca é procurado. E eles foram procurados até no meio do campeonato. Estamos buscando uma proposta pra eles e acredito que até o final dessa semana tenhamos uma finalização para o projeto do Mineiro e até da Série C (do próximo ano)”, revelou a presidente.

Confira outros trechos da entrevista do diretor de futebol Nicanor Pires.
Aílton fica?
“Eu tive uma conversa com ele hoje (dia 26) pela manhã e falamos sobre várias coisas. Mas sobre a permanência do Aílton ainda existe uma conversa, não chegamos a nenhuma definição, porque ele quer ter um período agora de descanso, de curtir a família, e ele pretende esperar esse período. Eu sei que será muito difícil segurar o Aílton porque com a campanha que foi feita aqui no Tupi, a valorização é inevitável. Temos conhecimento de clubes que já procuraram o Aílton, mas tenho certeza de que tudo o que o Tupi puder fazer para que o Aílton permaneça em 2018 será feito. A não ser que ele recebe uma proposta muito superior que o Tupi não consiga cobrir. Aí realmente fica complicado”.
Elenco
“Nós conversamos ontem com quase todos os atletas. Com alguns já acertamos a rescisão e aqueles que a gente tem interesse que permaneça para 2018 nós já iniciamos uma conversa. Mas é muito difícil termos um acerto agora de renovação de contrato porque é um momento de surgirem novas propostas, vai ficar sempre neles uma perspectiva – pela campanha que nós fizemos –, de às vezes aparecer clubes de uma divisão acima. Acredito que vamos precisar de 15 a 20 dias para definir renovação. O contrato de todos os atletas se encerra agora no dia 30 de outubro, exceto o do Alexandre goleiro, Afonso lateral direito, e o Raphael Augusto, que está emprestado ao Democrata de Sete Lagoas”.
Vitrine
“Aconteceu muito de jogadores que nós procuramos e pela questão salarial optaram por esperar outra proposta e isso não aconteceu, acabaram ficando desempregados. Por outro lado, jogadores como Diego, Brasília, Ítalo… que compraram a ideia, se destacaram, e hoje estão recebendo várias propostas, está até difícil pra gente conversar sobre renovação. O atrativo primeiro tem que ser o jogador querer atuar no Tupi. E a campanha que nós fizemos agora, tenho certeza que dá muita credibilidade ao Tupi para que os novos jogadores ou até mesmo renovações comprem a ideia de vir. Mesmo aceitando um salário mais baixo do que em outro clube, mas com o contrato até o final do ano, por exemplo. Porque nem todos os clubes têm calendário o ano todo”.
Melhorias em Santa Terezinha
“Vamos começar agora a manutenção do gramado de Santa Terezinha para que quando a gente inicie os trabalhos, ele esteja em condições de fazer uma pré-temporada, de suportar o Campeonato Mineiro e depois também a Série C do Brasileiro. Um engenheiro especialista vai avaliar a situação e nos passará o que precisa ser feito. Ainda não tem nenhum projeto, nenhum plano do que a gente vai fazer. Mas não existe a possibilidade de troca de gramado. A questão do transporte é uma situação que precisamos resolver também, não será fácil, pois já procuramos empresas de ônibus para fazer parcerias, a prefeitura, e não conseguimos esse ano”.
Categorias de base
“Desde quando cheguei aqui a Myrian fala comigo sobre o desejo de criar a categoria de base no clube. Mas sabemos da dificuldade que é, às vezes os clubes que não possuem categoria de base recebem muitas críticas. Porém o investimento é muito alto. A prioridade do Tupi sempre vai ser o futebol profissional. É um projeto que não temos como prever de quando conseguiremos realizar. Mas existe essa possibilidade”.
Polêmica da van: “Ninguém ajuda. E quando alguém ajuda, parece que o Tupi é bandido”
O jornal “Tribuna de Minas” divulgou nessa terça-feira, 26, que o Tupi utilizava uma van para o transporte de jogadores. Porém essa van pertence ao Centro de Ação Social Sr. Joaninho, do ex-vereador João do Joaninho. O veículo foi doado ao instituto em 2013, pela Secretaria de Estado da Saúde, para uso em ações relacionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao comentar sobre o caso, a presidente Myrian disse que não houve benefício financeiro de nenhuma das partes e pediu desculpas se alguém saiu prejudicado.
“Uma empresa tinha uma parceria com o Tupi. Quando chegou no meio do campeonato, não tínhamos mais permuta. O João do Joaninho é sócio do Tupi e falou: ‘Tenho uma van que faço atendimento e nas horas vagas a van fica disponível’. Foi feita uma parceria que era viável tanto para ele quanto para nós. Como no estatuto dele prevê atendimento ao esporte, cultura e saúde, consultamos tanto o estatuto dele como o nosso, vimos que não haveria como prejudicar nos horários em que não tinha atendimento ao que era destinado. Fornecíamos o combustível através de uma permuta que temos com posto, a gente ajudava na parte do motorista e ficou viável para o clube. E ficou essa parceria que não prejudicava esse andamento dele. Quando ele precisava guardar a van, guardou aqui no Tupi, sem problema nenhum, porque tem porteiro, não tem risco de roubarem a van. Não houve benefício de dinheiro de lado nenhum. Fiquei surpresa, porque quando procuramos alguém para ajudar, ninguém ajuda. E quando alguém ajuda, parece que o Tupi é bandido. Ele mesmo estava em dificuldade para atender às famílias, e colocávamos combustível na van para ele atender. O problema do SUS não é ele quem vai resolver, é problema do país. Peço desculpas se alguém ficou prejudicado em relação ao Tupi, porque não vamos prejudicar mais. O Tupi estava ajudando a poder continuar esse atendimento”, afirmou.
Texto: Toque de Bola, com reportagem de Patrick Alves, estagiário, edição e supervisão Ivan Elias, Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola