Especial Toque de Bola: sabia que o Tupi já disputou Série B em 1989? Eram mais de 100 convidados!

Na véspera da estreia na Série B 2016, o torcedor do Tupi mais saudosista pode se lembrar do ano de 1989, quando o Galo Carijó disputou a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Para quem é mais novo, ou para quem não sabe desse fato, o Toque de Bola resgata informações, resultados e curiosidades da campanha do time juiz-forano no torneio e da fórmula de disputa, naquela época – aliás, de difícil explicação.

1989 - Primeira participação do Tupi no Campeonato Brasileiro da Série B. Zé Luiz, Evaldo, Gomes, Marcelo, Nivaldo e Deca. Serginho, Beto, Círio, Osmar Bueno e Zebu (Foto: Memorial Carijó - Léo Lima)
1989 – Primeira participação do Tupi no Campeonato Brasileiro da Série B.
Zé Luiz, Evaldo, Gomes, Marcelo, Nivaldo e Deca.
Serginho, Beto, Círio, Osmar Bueno e Zebu (Foto: Memorial Carijó – Léo Lima)

 

     Em 1989

Naquela temporada, o Campeonato Brasileiro Série B também correspondeu à segunda divisão do futebol brasileiro. Mas numa situação bem diferente da atual. Com 96 participantes, os times foram distribuídos em 16 grupos de seis equipes. Os dois primeiros de cada chave avançavam para as fases seguintes, disputadas em modo eliminatório. O Bragantino foi o campeão do torneio ao vencer o São José na final, e ambos jogaram na elite nacional no ano seguinte.

 Baldiotti:  “CBF convidou umas 100 equipes”

O jornalista e radialista Fernando Luiz Balditotti, hoje na Prefeitura de Juiz de Fora – é o locutor oficial do Estádio Mário Helênio, era diretor administrativo e de futebol do Tupi na época e destaca que o formato da competição foi uma “jogada” política da CBF para tentar agradar a todos: “Aquele ano foi uma festa. A CBF quis fazer política e convidou uns 100 times, mais ou menos. O Tupi foi convidado junto com outros clubes de Minas Gerais para representar o estado. O time tinha uma boa estrutura graças ao presidente Maurício Batista de Oliveira e o torcedor participava com maior intensidade porque o time era muito bom. Gomes, Ricardo Balbino, Jorge Luiz, Teófilo, Evaldo, Isidoro e Paulo Roberto eram alguns jogadores desse time. A nossa participação foi muito honrosa, apesar de não passarmos de fase, e foi muito importante para o futebol do Tupi e de Juiz de Fora”, comenta.

Radialista Fernando Luiz Baldiotii (de branco) antes de Fluminense x Atlético Paranaense, em Juiz de Fora. Locutor oficial do Estádio Mário Helênio era dirigente do Tupi na Série B de 1989
Radialista Fernando Luiz Baldiotii (de branco) antes de Fluminense x Atlético Paranaense, em Juiz de Fora. Locutor oficial do Estádio Mário Helênio era dirigente do Tupi na Série B de 1989

  O torneio

O Tupi ficou no grupo L, com times de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. América (RJ), União São João (SP), Democrata-SL (MG), Bangu (RJ) e Valeriodoce (MG) eram as outras equipes na chave. Na primeira fase, o formato de disputa era de pontos corridos, todos contra todos dentro do próprio grupo, ida e volta. Após os 10 jogos, América e União São João terminaram na frente e o Carijó, em último.

 

 Jogos do Tupi na Série B de 1989

10/09/1989 – Tupi 0 x 1 América
13/09/1989 – Tupi 1 x 1 União São João
17/09/1989 – Bangu 0 x 1 Tupi
23/09/1989 – Democrata 1 x 0 Tupi
01/10/1989 – Valério 1 x 2 Tupi
08/10/1989 – América 3 x 1 Tupi
11/10/1989 – Tupi 1 x 1 Democrata
14/10/1989 – Tupi 1 x 1 Bangu
22/10/1989 – União São João 1 x 0 Tupi
29/10/1989 – Tupi 0 x 1 Valério

Sem título

Dificuldades 

Fernando Luiz lembra qual foi o time mais complicado que o Tupi encarou naquela competição: “O adversário mais difícil que enfrentamos foi o União São João. Perdemos de 1 a 0 lá em São Paulo, onde fomos muito bem recebidos, diga-se de passagem, e empatamos em 1 a 1 aqui. Em Itabira, contra o Valério, o campo pequeno dificultou também”.

 

    Presidente carijó cotado a vice da CBF

De acordo com Léo Lima, que coleciona camisas do clube de todos os tempos e tem um trabalho de pesquisa sobre o futebol do clube, um fato extra-campo curioso chamou a atenção da imprensa local e regional em meio à disputa desta “inchada” Série B. “O presidente do Tupi, Maurício Baptista de Oliveira, esteve bem cotado para ser vice-presidente na CBF, na chapa encabeçada por Ricardo Teixeira. Na época, Teixeira conseguiu convencer a boa parte da imprensa e opinião pública que sua entrada na entidade seria um passo gigantesco na moralização da modalidade no País. Hoje, Ricardo Teixeira está afastado da entidade por irregularidades.

   Dois treinadores

Ainda de acordo com relato de Léo Lima, o Tupi teve mais de um treinador nesta primeira participação na Série B: Hilton Chaves era o técnico no Campeonato Mineiro, mas Kleber Camerino assumiu na última rodada do Estadual e ficou para  a Série B, comandando o time em oito partidas. Já nas duas últimas rodadas do Brasileiro, Ademir Santana dirigiu a equipe carijó.

   Em 1990

Em 1990 o campeonato sofreu uma grande reformulação. Ocorreu uma redução de 96 para apenas 24 clubes participantes. Os quatro rebaixados da Série A em 1989 (Atlético-PR, Goiás, Sport e Coritiba), os 16 times que chegaram às oitavas de final, e os quatro times que foram eliminados pela chave das equipes semifinalistas (Americano-RJ, Grêmio Maringá-PR, Santa Cruz e Blumenau-SC). Com isso, o Tupi acabou ficando de fora da Série B e não participou da Série C por conta da sua colocação no campeonato Estadual (16°).

  As letras e o passar do tempo

Outra observação feita pelo torcedor e pesquisador carijó. Como naquela época não havia essa fórmula de hoje – quatro clubes descem e quatro sobem entre as Séries A, B e C, os clubes não tinham como saber muitas vezes em qual competição estariam na temporada seguinte.

Leo revela que em 1994,quando o time da cidade chamava-se Manchester-Tupi (ideia de fusão dos três clubes da cidade num só, Tupi, Sport e Tupynambás), também houve participação do time local no calendário nacional, mas na Série C.

 

 Tupi x Sampaio Corrêa

Em 1997, o Tupi cumpriu uma excelente campanha na Série C. Entre 64 equipes, chegou entre as quaro melhores colocadas. Na disputa do turno final, em que duas equipes subiriam para a Série B, o time de Juiz de Fora chegou a liderar. Na noite de inauguração dos refletores do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em jogo considerado chave – em caso de triunfo, dificilmente, o Carijó deixaria escapar a vaga do acesso, o Sampaio Corrêa levou a melhor por 1 a 0. Nos jogos restantes, o Tupi não conseguiu se recupear. Sampaio e Juventus (SP) acabariam conquistando o acesso.

 

Texto: Guilhgerme Fernandes e Ivan Elias, com informações do site Bola na Área, do Memorial Carijó – Leo Lima, wikipedia e de pesquisa e arquivo do Toque de Bola

Fotos: Toque de Bola e Memorial Carijó

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