‘Os clubes do interior vivem de teimosos’

Juiz de Fora (MG), 13 de abril de 2011

Das seis partidas que o Tupi fez em casa no Campeonato Mineiro 2011, cinco foram deficitárias. O único jogo em que a bilheteria teve saldo positivo foi no empate em 0 a 0 contra o Cruzeiro.

A última partida em casa, contra o América (B.H.), só confirmou o que todos já sabiam: o time deste ano não empolgou a torcida juiz-forana. Contra o Coelho, foram vendidos 301 bilhetes de arquibancada, totalizando R$ 3.612. Outras 827 pessoas pagaram meia entrada, gerando receita de R$ 4.962. Houve ainda a venda de 350 ingressos a R$ 1 – bilhetes enviados pela Federação Mineira de Futebol para serem repassados a empresas patrocinadoras -, totalizando R$ 350.

Ao todo, o montante arrecadado com a venda de ingressos foi de R$ 8.924. Mas, a despesa junto a Federação Mineira de Futebol (FMF) foi de R$ 13.001,58. Com isso, o Tupi teve que desembolsar R$ 4.077,58. Assim, se somadas todas as partidas em casa, o saldo foi de R$ 12.753,58 graças aos R$ 31.696,16 arrecadados no duelo contra a Raposa. Esse cálculo leva em consideração apenas as despesas com a FMF. Não estão incluídas as despesas com os quadros móveis da Liga de Futebol de Juiz de Fora e do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.

Segundo o vice-presidente do Tupi, José Roberto Maranhas, a baixa arrecadação do Tupi no Estadual também foi observada em 2010. “Não é de hoje, não. No ano passado, a arrecadação também foi deficitária. O futebol está muito difícil para todos. No Cruzeiro, por exemplo, o Perrela [Zezé] fala que só consegue fechar o ano se vender dois jogadores. Só com dinheiro de arrecadação e patrocinadores não dá para cumprir todos os custos. Isso no Cruzeiro, que tem direito de imagem durante todo o ano”, disse.

Ainda de acordo com o dirigente, os times do interior que conseguem melhores resultados ou são patrocinados por prefeituras ou por algum empresário forte, citando o América, de Teófilo Otoni. “Os times do interior estão vivendo de teimosos, já que não há público e nem interesse. E essa história de que não há público porque o time não é bom não é verdade. Se montarmos um time com média salarial mais alta, mesmo com a arrecadação dos jogos aumentando, não será suficiente para cobrir as despesas”, comentou Maranhas, exemplificando que para um grupo com média salarial de R$ 15 mil – o que ele acredita ser suficiente para disputar o título do Mineiro -, as despesas mensais girariam em torno de R$ 550 mil, valor que é impossível cobrir mesmo se fossem dobrados os investimentos dos patrocinadores e a média de público nos jogos.

Por isso, o dirigente não esconde que está difícil enxergar uma luz no fim do túnel. “Não vejo nenhuma possibilidade de mudança. O torcedor tem que entender que a conta é complicada”, finalizou o vice-presidente do Tupi.

O Tupi encerra sua participação no Campeonato Mineiro de 2011 no próximo domingo, contra o Ipatinga, no Vale do Aço. Sem chances de classificação para a semifinal, o Alvinegro luta por uma vaga na Série D do Brasileirão.

Texto: Thiago Stephan

Este post tem um comentário

  1. Otávio Botti

    Maranhas deixou claro que não aguenta mais administrar o futebol do Tupi,acho que o Tupi tem que se renovar urgentemente! aproveito para parabenizar o site e pedir uma entrevista com o Fabricio Soares que há muito tempo merece um reconhecimento maior da imprensa e da nossa torcida… abraço

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