Treinadores e jovens atletas de basquete destacam importância da volta dos Jogos Intercolegiais em JF

 

Jogos Intercolegiais: disputa do basquete motiva treinadores e atletas em Juiz de Fora

  “O Intercolegial é o motor que faz girar os projetos esportivos”. A frase, do professor de Educação Física da Escola Municipal Cecília Meireles, Francisco Santos Ribeiro Neto, demonstra a importância da retomada dos Jogos Intercolegiais de Juiz de Fora, promovida este ano pela Secretaria de Esporte e Lazer da cidade.

  Francisco Ribeiro foi um dos treinadores ouvidos pelo Toque de Bola, no dia da primeira rodada do basquete, quarta-feira, dia 18, no ginásio do Tupynambás, no bairro Poço Rico. A tabela prevê jogos até o dia 9 de novembro.

  Conversamos também com Marcos Chaves e Samir Bretas, ambos professores da Escola Estadual Francisco Bernardino, que recentemente participaram de um curso de atualização promovido pela Faefid-UFJF, em parceria com a Federação Mineira da Modalidade. Samir é professor de Geografia, mas abraçou a causa.

  André Laurido, professor de Educação Física do  Colégio Militar de Juiz de Fora, e os jovens atletas Tiago Gomes e Eric Anderson , também envolvidos na abertura da modalidade, disseram ao Toque de Bola a importância da competição, não só no contexto esportivo, mas de formação de cidadãos.

 

Samir Bretas e Marcos Chaves: Escola Estadual Francisco Bernardino

Marcos Chaves professor de Educação Física da Escola Estadual Francisco Bernardino —  “Ficamos dois anos sem Intercolegial e quando falei para os meninos que esse ano nós iríamos participar, já mudou o panorama da escola, porque todo mundo ficou interessado em praticar mais atividades e de fazer parte desse time de pessoas que praticam esportes. Além dos atletas, existe um  envolvimento de várias pessoas e alunos se motivam a participar. Foi um número muito grande de pessoas que se interessaram.  Reparei que mesmo dentro das escolas muitos alunos não gostavam um dos outros e, na hora que você une essa pessoas num mesmo time, com os mesmos objetivos, eles interagem e consequentemente a situação muda. No Intercolegial nós reparamos isso. Passamos para eles que aqui na competição as pessoas não são contrárias a eles, e sim adversários que fazem parte do jogo, portanto nós batemos papo com os adversários antes do jogo e depois, com isso, criamos amizades que às vezes nem imaginávamos que faríamos. Também faço parte do projeto de basquete na UFJF, que é dirigido para professores de Educação Física, para alunos de Educação Física e para pessoas que trabalham com basquete. O projeto é muito interessante. Disponibilizam bolas e alguns coletes para que possamos dar o pontapé inicial e desenvolver com a molecada. Trabalhei em 2014 com esse projeto e despertou o interesse de várias pessoas. Até então, na nossa escola não tinha basquete. Sempre tivemos bolas dessa modalidade e elas ficavam lá sem serem utilizadas. Eu tentei algumas vezes trabalhar com o basquete, mas não fluía. Fiz um torneio na escola uma vez onde não foi cobrado muita técnica, foi mais com o intuito de deixar os alunos mais familiarizados com esse esporte. Com esse projeto houve uma mudança, o nível aumentou. Os meninos na escola criaram um grupo especializado em basquete e, com o crescimento da NFL os meninos levam bola oval. Uma vez tentamos organizar um jogo de futebol americano (em uma aula de educação física), mas não foi possível devido ao espaço ser pequeno, os lançamentos atravessavam os muros da escola. Acredito que o esporte pode formar pessoas. Exemplo disso é que quando participamos no futebol, algumas equipes se recusaram a se cumprimentar ao final do jogo. Mas fiz questão de ir até lá, falar e cumprimentar todos, porque dessa forma eu pude passar um exemplo para os alunos e salientar que um dos objetivos do esporte é melhorar relações e não piorar.’

Samir Bretas professor de Geografia da Escola Estadual Francisco Bernardino –

Como um professor de Geografia caiu no Intercolegial e se transformou no assistente técnico da equipe de basquete da escola?

  Eu sempre joguei basquete na escola e decidi conversar com o professor Marcos, porque nossa escola estava carente de aro (sexta de basquete). Nosso aro tinha quebrado nos dois lados da quadra, mas eu tinha um em casa. Conversei com o professor e comentei com ele que eu tinha um aro e estava com a ideia de coloca-lo na quadra da escola. Ele aprovou e disse que estava bem atarefado, pois teria Intercolegial de futebol, futebol de salão, vôlei e queimada. Ele propôs que eu treinasse os meninos porque vários alunos da escola se interessam por basquete. Tive ajuda do senhor Marcelo (que trabalha na escola e ajudou a soldar uma parte da tabela). Furamos e colocamos o aro com a ajuda do meu pai. Conseguimos colocar o primeiro aro com sucesso e começamos a trabalhar e a treinar os alunos toda terça e quinta depois das aulas. Não sou professor de Educação Física, mas como eu sempre joguei basquete sou um entusiasta.

É a primeira vez que você participa de um Intercolegial?

 Já participei de alguns Intercolegiais jogando. Até tomei um susto pois na minha época eram de quatro a seis equipes e esse ano me parece que tem  mais de dez escolas  participantes. Achei isso bem legal. Como eu sempre pratiquei esporte e principalmente o basquete, tive a oportunidade de participar de torneios, conhecer lugares novos, viajar com a minha escola, conhecer cidades e escolas diferentes, graças ao basquete. E isso nos mostra o quanto o esporte abre a cabeça das pessoas, proporcionando oportunidade de conhecer pessoas de vários lugares, outras quadras, o que acaba sendo  fundamental para esse basquete feito na escola, além de ser um beneficio para a saúde. A interação criada num evento como esse é muito importante porque sabemos que o Brasil é um país muito desigual e, quando as escolas participam de um evento esportivo desse, os alunos entram em contato com pessoas de classes sociais diferentes. Acredito que isso seja fundamental, porque quanto mais alunos entram em contato com outras realidades, mais vão ampliando conhecimento. O esporte, quando faz essa mistura de escola pública, particular, militar e municipal, acaba sendo também muito bom para o crescimento dos alunos e para a vivência deles. Eu até lamentei um pouco quando me falaram que talvez só familiares pudessem estar presentes na torcida, porque acho que a cidade deveria pensar numa forma de  fazer com que os Intercolegiais tivessem um pouco mais daquela força das torcidas, que infelizmente não têm devido às brigas. Talvez se a Polícia Militar ajudasse ou abraçasse o evento, poderíamos viabilizar a presença da torcida e deixar o Intercolegial ainda mais forte.’

Francisco Santos Ribeiro Neto, professor de Educação Física da Escola Municipal Cecília Meireles

Francisco Santos Ribeiro Neto, professor de Educação Física da Escola Municipal Cecília Meireles – “Na minha opinião os projetos de esporte em algumas escolas só funcionam em função do Intercolegial. A porta para o esporte de alguns colégios de Minas Gerais é o Intercolegial, essa é minha visão. Quando não tem Intercolegial, somente algumas escolas sobrevivem do esporte. As outras escolas param. Como ficaram dois anos sem Intercolegial, houve uma redução muito grande em Juiz de Fora. Os times que jogam outras competições vão atropelar os que não jogam, porque eles estão há dois anos treinando, investindo no esporte e participando de campeonatos, enquanto as outras escolas não fizeram nada. Como motivar um aluno a jogar pela sua escola sendo que a instituição não possui jogos escolares? Alguns jogam em clubes e ai é outra realidade. Mas com relação a escola, o Intercolegial é o motor que faz girar os projetos esportivos e sem ele não tem como funcionar nada. A interação que se cria com esse evento é importante para os alunos, porque os jovens de escolas municipais e estaduais começam a entender que não são inferiores aos alunos de instituição particular. Por outro lado, o estudante de escola particular entende que existe outro mundo além do qual ele pensa existir e aumenta sua a visão de mundo.’

André Laurido, tenente e professor de Educação Física do Colégio Militar de Juiz de Fora

André Laurido, tenente e professor de Educação Física do  Colégio Militar de Juiz de Fora –  “Os jogos Intercolegiais estão aí e trazem uma série de benefícios, agregando não só a propagação do esporte mas também a integração entre os colégios da cidade, que às vezes não têm oportunidade de competir. É importante também pelo valor social. Essa oportunidade que essas crianças estão tendo de participar de um evento como esse é fundamental na formação do caráter e de pessoa enquanto cidadão. Eu acho que é bastante satisfatória a realização desse evento na cidade. O paradigma de que aluno só aprende em sala de aula vem sendo quebrado, essa ideia de que o esporte não está associado ao estudo vem se desfazendo, até porque o esporte agrega em uma série de valores como disciplina, perseverança e a vontade de vencer. O indivíduo que pratica esporte e tem uma orientação adequada vai poder levar esses valores para outros setores de sua vida, para o estudo, para a família, para seu futuro enquanto cidadão. Acho que é de extrema importância o esporte na vida do individuo e na sua formação.’

Tiago Sousa Gomes: primeiro ano da Escola Estadual Francisco Bernardino

Tiago Sousa Gomes 1º Ano da Escola Estadual Francisco Bernardino -“O Intercolegial tira bastante jovem do mundo, é um incentivo para o esporte e também acaba sendo uma aula fora da sala. É a primeira vez que participo e espero que minha equipe ganhe a competição.’

Eric Anderson, 15 anos, aluno da Escola Cecília Meireles

Eric Anderson 15 anos do nono Ano, aluno da Escola Cecília Meireles —  “O Intercolegial esta sendo bem legal, é uma oportunidade única de participar dessa disputa. Está sendo muito divertido. É muito bom também porque une as escolas, mesmo tendo esse diferencial de pública com particular. E minha expectativa é ganhar a competição. Mas caso minha equipe não vença, o importante é participar.”

 

  Rodada

  De acordo com a SEL, os dois primeiros jogos foram pela categoria infantil. No feminino, o Colégio dos Santos Anjos fez 24 a 0 na Ali Halfeld. Já entre os meninos, a Ali Halfeld superou o Colégio Militar de Juiz de Fora por 8 a 5.

   Na sequência, os confrontos foram entre as equipes juvenis. No masculino, dois jogos: a equipe do Francisco Bernardino e venceu Cecília Meireles por 55 a 2. Já o Colégio Militar de Juiz de Fora acabou favorecido pela ausência do time da Governador Juscelino Kubitschek.

   Fechando a tarde, pelo feminino da categoria, o Colégio Militar de Juiz de Fora fez 8 a 4 sobre a Ali Halfeld e saiu com a vitória.

   Nas fotos, jogo entre a Escola Estadual Francisco Bernardino (camisas verdes) e Escola Municipal Cecília Meireles (de azul), categoria Juvenil masculino.

 

 

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